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São Paulo, segunda-feira, 10 de fevereiro de 2003

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POLÍCIA

PM teria ofendido menino negro em supermercado

Policiais militares são acusados de racismo contra garoto de 12 anos

FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

A estudante de enfermagem Luciene Calori, 36, deixou três meninos negros, entre eles o filho K., 12, no estacionamento do supermercado Extra Raposo Tavares de São Paulo enquanto fazia compras. Quando voltava ao carro viu K. chorando e os outros dois garotos, G., 12, e B., 13, amigos do filho, assustados.
Segundo depoimento de K. à PM, policiais militares que estavam no local intimidaram os três, fizeram ofensas racistas a ele e ameaças na noite de anteontem.
K. gravou o número do veículo dos policiais. A PM confirmou que o prefixo M-16572 é de carro do 16º batalhão, na zona oeste.
Segundo termo de declaração do menino, registrado no setor disciplinar do Comando de Policiamento de Área Metropolitano 5 da PM, dois policiais saíram de uma Blazer com armas em punho, apontando para suas pernas.
Os meninos, que estavam perto do carro de Calori, um Versailles, tiveram de colocar as mãos sobre o veículo e os PMs fizeram uma revista. Um policial de bigode perguntou quem era o dono do carro. K. disse que era de sua mãe. O PM quis saber a placa, mas K. não lembrava os números e letras.
O termo diz que "diante desta resposta, o referido policial perguntou se quando o declarante ia comer a b. das menininhas também esquecia a camisinha".
Em seguida, o policial teria anotado o nome do menino e levado ao PM motorista da Blazer. Ao ver o nome do menino, o motorista perguntou "quem era King Kong", ironicamente. O menino registrou que se sentiu ofendido.
"O policial de bigode disse que iria anunciar o veículo no supermercado e que caso [..." não fosse de sua mãe [Calori", retornaria e quebraria o declarante todo", registrou ainda K..
"Fui levar uma amiga para comprar leite e carne", disse Calori. Segundo ela, como estava quente, os meninos ficaram esperando perto do carro, que estava aberto. "Foi uma vergonha horrível para eles", afirmou a mãe, que também é negra. "Vou entrar com uma ação contra o Extra, por danos morais, e contra a PM, por racismo." A estudante diz que depois de não encontrarem nada na revista, os policiais poderiam ter ido embora. Ela esperava também que alguém tentasse localizá-la -e que a gerência do mercado garantisse a segurança do filho. Ela diz que ninguém a chamou pelo sistema de som.


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