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50 laptops somem em prédio da polícia
Crime ocorreu na sede do IC (Instituto de Criminalística) de SP, onde também fica o Departamento de Narcóticos
Existem duas investigações: uma contra o ex-diretor de informática do IC, Onias Tavares de Aguiar, e outra contra o ex-auxiliar dele
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Laptops apreendidos por diversos departamentos da Polícia Civil de São Paulo e que estavam à espera de perícia em
um depósito do Instituto de
Criminalística, no Butantã (zona oeste de SP), foram furtados.
Os equipamentos -50- foram enviados à perícia porque a
polícia acredita que possam
conter provas de vários crimes:
violação de propriedade intelectual, receptação de material
ilícito, formação de quadrilha,
estelionato, violação de segredo profissional e falsificação.
A sede do IC funciona no
mesmo prédio do Denarc (Departamento de Narcóticos), onde existe um grande esquema
de segurança, com policiais fortemente armados e várias câmeras de vigilância.
Nas duas linhas de investigação sobre o furto, dois suspeitos
foram apontados: na Corregedoria da Polícia Civil, o então
diretor do Núcleo de Perícias
de Informática, do IC, e perito
criminal Onias Tavares de
Aguiar é o acusado pelo crime;
na Justiça comum, o ex-assistente de Aguiar, João Bastista
de Oliveira, 24, foi denunciado.
Aguiar foi afastado do cargo
de diretor do Núcleo de Perícias de Informática em 15 de janeiro deste ano. Foi ele quem
denunciou à Polícia Civil o desaparecimento dos laptops, em
setembro de 2005.
Ao delegado Marcos Gomes
de Moura, do 51º DP (Butantã),
onde registrou o boletim de
ocorrência sobre o desaparecimento dos laptops no dia 6 de
setembro de 2005, o então diretor disse só ter percebido o
sumiço dos equipamentos
quando, em abril daquele ano,
precisou realizar perícia num
aparelho e não o achou no depósito do IC.
O segundo acusado pelo furto, Oliveira, foi assistente de
Aguiar no IC e era contratado
como prestador de serviços da
Frente de Trabalho do Governo
do Estado de São Paulo, entre
abril e novembro de 2004.
O contrato de trabalho de
Oliveira venceu em novembro
de 2004, mas ele continuou no
IC até fevereiro de 2005 porque o então diretor do Núcleo
de Informática se propôs a pagar do próprio bolso o salário
dele, até fevereiro de 2005.
Entre dezembro de 2004 e
janeiro de 2005, a oficial administrativa Kátia Cardoso de Sá,
então responsável pela sala onde os laptops eram armazenados, estava em férias. Aguiar assumiu à polícia que ele transferiu a responsabilidade de cuidar dos laptops do IC a Oliveira.
No processo aberto na corregedoria para descobrir como os
laptops desapareceram do depósito do Núcleo de Perícias de
Informática, a delegada Rosemary Sinibaldi de Carvalho pede cópias de vários documentos
ao juiz da 23ª Vara Criminal,
onde já tramita o processo pelo
furto contra Oliveira.
Perícia do crime
O laudo pericial sobre o furto
dos laptops dentro do IC foi
realizado em 29 de setembro de
2005 por Afonso Henrique Maciel, perito do próprio IC e amigo do então diretor Aguiar.
No documento, Maciel simplesmente fez um relatório no
qual descreveu as instalações
da sala do IC de onde sumiram
os 50 laptops.
Como as investigações desenvolvidas pelo 51º DP ficaram focadas em Oliveira, também em setembro de 2005, policiais cumpriram um mandado
de busca e apreensão na casa do
prestador de serviços, em Taboão da Serra (Grande São Paulo), e não encontraram absolutamente nada que o vinculasse
ao furto dos 50 laptops.
Mesmo sem ser uma prática
comum na Polícia Civil, Aguiar,
parte interessada diretamente
na investigação sobre o furto
dos laptops, fez questão de
acompanhar as buscas realizadas na casa de Oliveira.
Mesmo sem saber o que estava registrado na memória dos
aparelhos, José Domingos Moreira das Eiras, diretor do IC, ao
ser questionado sobre o que havia neles, disse que "não tinha
nada de importante."
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