São Paulo, sexta-feira, 10 de março de 2000


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SAÚDE
Levantamento mostra que resultado indesejado de remédio aumenta tempo de hospitalização em 8,7 dias
Efeito colateral interna 17% de idosos

GABRIELA ATHIAS
da Reportagem Local

Levantamento da FDA (Federal Drugs Administration), agência que regula o mercado norte-americano de remédios, mostra que a causa de internação de 10% a 17% dos idosos em todo o mundo são os efeitos colaterais dos remédios.
Nos Estados Unidos, a FDA estima o custo com essas internações em U$ 3 bilhões. Estudo feito na Alemanha mostra que o tempo de permanência no hospital por causa desses efeitos aumenta 8,7 dias em média.
No Brasil, não há como calcular esse custo com precisão já que não existe um sistema de informação detalhando o motivo pelo qual os pacientes foram internados e a faixa etária dos hospitalizados. Além disso, os efeitos colaterais não são catalogados pelo Ministério da Saúde como causa específica de internação.
Apesar de indesejados, esses efeitos são de certa forma previstos por médicos e farmacêuticos. Seus sintomas são, ou deveriam ser, descritos nas bulas e nos dicionários médicos.
No Brasil, os efeitos colaterais nem sempre estão descritos nas bulas. A síndrome de Stevens-Johnson (leia texto nesta página), por exemplo, uma das reações ao anticonvulsivo Hidantal, não consta na bula do remédio no Brasil, apesar de apresentar uma taxa de mortalidade de 70%.
O diretor do Centro de Assistência Toxicológica do Hospital das Clínicas, Anthony Wong, explica que a letalidade da síndrome é alta e que muitos neurologistas do país, considerados profissionais de primeira linha, desconhecem seus sintomas."Falta informação sobre o assunto", diz.
O DEF ("Dicionário de Especialidades Farmacêuticas"), espécie de "bíblia" dos medicamentos no Brasil, com 242 mil exemplares distribuídos gratuitamente a médicos e farmacêuticos, também não descreve essa reação do remédio Hidantal.
Dois compêndios médicos, com tiragem de 150 mil exemplares por ano, sem distribuição gratuita, citam a síndrome: o "Guia de Remédios" e o "P.R. Vade-Mécum", mas nesse último as explicações não são diretamente associadas ao Hidantal.
Em linguagem técnica, os médicos chamam o efeito colateral de "reação adversa medicamentosa" (RAM). Estatísticas produzidas no Uppsala Monitoring Centre, na Suécia, o órgão da Organização Mundial da Saúde que concentra informações de 52 países sobre RAMs, mostram que 21% das vítimas dos efeitos colaterais precisam ser internadas.
Além dos velhos, as crianças são a outra parcela da população mais atingida por efeitos colaterais: entre 4,5% a 9,8% dessas internações são decorrentes de reações a remédios.



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