AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL

Com o filho doente no colo, a atendente Ivânia Egídio, 29, passou duas horas em um ônibus para chegar ao Hospital Infantil Darcy Vargas. Desesperada com o trânsito, provocado pelas interdições de ruas no Morumbi por conta da visita do presidente George Bush à ONG Meninos do Morumbi, desceu do veículo e andou 20 minutos pela avenida Morumbi.
"Meu filho está doente e sofremos bastante. Ninguém avisou que as ruas iam fechar", afirmou ela assim que entrou no hospital, aparentando muito cansaço. "Já estou preocupada em como vou voltar para casa", disse Ivânia, que mora na Vila Albano, na zona oeste. Normalmente, ela demoraria uma hora para ir até o hospital.
Ivânia foi apenas uma das várias pessoas que sofreram para chegar a hospitais da zona sul de São Paulo ontem.
Já a dona-de-casa Alvina Guimarães da Silva, 38, disse que precisou trafegar um trecho na contramão para ir ao hospital Darcy Vargas. Ela levou um filho com bronquite e uma filha com problema nos rins para o local.
Funcionários de hospitais também foram afetados pela visita de Bush. O técnico em radiologia Sérgio Cabral levou o dobro do tempo -25 minutos a mais- para chegar ao trabalho. "Eu conheço pouco a região, então não sei os caminhos alternativos e dei muitas voltas."
Com a interdição da avenida Padre Lebret para a chegada de Bush à ONG, carros de pacientes e visitantes do hospital Albert Einstein ficaram "ilhados" -não era possível aos veículos entrar nem sair. Por conta disso, os ônibus de funcionários também atrasaram mais de meia hora para sair.
"Tenho um compromisso. Eles deveriam avisar antes para as pessoas se programarem", disse o administrador de empresas Sinésio Moura, 42.


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