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Leis e falta de áreas travam remoção
A Lei Orgânica do Município do Rio de Janeiro exige laudo técnico que condene a área para a retirada de famílias
Prefeitura não tem planos para famílias atingidas pela chuva; centro tem imóveis, mas especulação imobiliária pressiona moradores
DA SUCURSAL DO RIO
A intenção do prefeito do
Rio, Eduardo Paes (PMDB), de
remover o morro dos Prazeres
(centro) inteiro e parte da Rocinha (zona sul) esbarra na dificuldade de utilizar imóveis do
centro e em exigências legais.
A Secretaria Municipal de
Habitação ainda não tem um
plano para reassentar as cerca
de 2.000 famílias atingidas.
A Lei Orgânica do Município
exige, para a remoção, laudo
técnico condenando a área,
"participação da comunidade
interessada" e "assentamento
em localidades próximas".
Os reassentamentos da prefeitura terão como base o programa Minha Casa, Minha Vida. Mas a maioria das 12 mil unidades planejadas está sendo
construída na zona oeste, área
distante do centro e com problemas no transporte.
O programa Novas Alternativas da Secretaria de Habitação
mapeou 900 imóveis abandonados no centro com potencial
para virar unidades habitacionais, mas o processo de desapropriação e a reforma dos sobrados leva ao menos um ano.
Com quase dez anos, o programa repassou apenas 150 unidades, revelando a dificuldade da
prefeitura.
Para especialistas, o reassentamento em regiões distantes
leva os moradores de volta às
favelas. "Há um processo de
empobrecimento dessa população, pois vão gastar mais para
ir trabalhar e acabam retornando para favelas centrais", diz
Carlos Vainer, do Instituto de
Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da UFRJ.
Na avaliação de Helena Galiza, ex-arquiteta da Caixa Econômica Federal, os governos
fazem o assentamento nos centros de forma errada. "Nos poucos casos em que essas pessoas
são instaladas no centro, sofrem muita pressão da indústria imobiliária para saírem dali. Vendem os imóveis e acabam
retornando à favela."
Para ela, o poder público falha ao não usar na política habitacional da locação social, na
qual o governo é o proprietário
do imóvel e o aluga por baixo
valor a famílias reassentadas.
A urbanista Andréa Borde
afirma ainda que a prefeitura
não conhece o perfil da demanda de unidades populares.
"Uma família numerosa tem
necessidade diferente da de um
idoso. A política habitacional
precisa contemplar isso".
(ITALO NOGUEIRA)
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