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VIOLÊNCIA ENQUADRADA
Promotor usa arte para expor agressão a menor
FERNANDA MENA
DA REPORTAGEM LOCAL
A superlotação de adolescentes infratores espremidos em
uma tela de pouco mais de um
metro quadrado. A juventude
encarcerada numa galeria de
arte. "Ninguém Nasce Bandido" é o nome da exposição que
explica a combinação entre o
drama vivido por internos da
Febem e as artes plásticas.
A mostra exibe quadros de
um autor de dupla identidade:
o artista plástico e promotor de
Justiça da Infância e da Juventude, Wilson Tafner.
"Ninguém Nasce Bandido",
que abre hoje, às 19h, na Casagaleria (r. Dr. Cardoso de Melo,
758, Vila Olímpia, na zona oeste de SP), exibe sete telas e uma
escultura em que estão retratados o aprisionamento, a tortura, o abuso encontrados pelo
promotor em sete anos de
atuação acompanhando denúncias contra a Febem.
"Depósito" retrata a superlotação de unidades, como a do
Brás, que chegou a abrigar quase 700 jovens onde cabiam 62.
"Queimados" relata a história
de um garoto que, após ser torturado, queimou o colchão de
sua cela e morreu queimado.
"Resisti a misturar o trabalho
de promotor ao de artista plástico, mas foi inevitável. A pintura funciona como uma válvula de escape, como uma forma de aliviar o peso do trabalho, e acabei canalizando para
as artes essa vivência pesada na
Promotoria", conta Tafner.
Para ele, as obras sobre a Febem têm dupla função: de registro e de reflexão.
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