São Paulo, terça-feira, 10 de maio de 2005

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VIOLÊNCIA ENQUADRADA

Promotor usa arte para expor agressão a menor

FERNANDA MENA
DA REPORTAGEM LOCAL

A superlotação de adolescentes infratores espremidos em uma tela de pouco mais de um metro quadrado. A juventude encarcerada numa galeria de arte. "Ninguém Nasce Bandido" é o nome da exposição que explica a combinação entre o drama vivido por internos da Febem e as artes plásticas.
A mostra exibe quadros de um autor de dupla identidade: o artista plástico e promotor de Justiça da Infância e da Juventude, Wilson Tafner.
"Ninguém Nasce Bandido", que abre hoje, às 19h, na Casagaleria (r. Dr. Cardoso de Melo, 758, Vila Olímpia, na zona oeste de SP), exibe sete telas e uma escultura em que estão retratados o aprisionamento, a tortura, o abuso encontrados pelo promotor em sete anos de atuação acompanhando denúncias contra a Febem.
"Depósito" retrata a superlotação de unidades, como a do Brás, que chegou a abrigar quase 700 jovens onde cabiam 62. "Queimados" relata a história de um garoto que, após ser torturado, queimou o colchão de sua cela e morreu queimado.
"Resisti a misturar o trabalho de promotor ao de artista plástico, mas foi inevitável. A pintura funciona como uma válvula de escape, como uma forma de aliviar o peso do trabalho, e acabei canalizando para as artes essa vivência pesada na Promotoria", conta Tafner.
Para ele, as obras sobre a Febem têm dupla função: de registro e de reflexão.


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