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Jogos mal começaram, mas já irritam a tribo dos que odeiam o campeonato
CRISTINA TARDÁGUILA
FERREIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Tem gente que já não agüenta mais ouvir falar de Copa do
Mundo, que já está irritada com
o "patriotismo exacerbado"
que assola o país quando o assunto é futebol e que já não suporta mais ver tudo ao seu redor pintado de verde e amarelo
-de janelas a roupas, passando
até mesmo pelas tortas vendidas no café da esquina.
"Eu definitivamente estou
nesse grupo. Enquanto tem milhares de coisas importantes
acontecendo, o povo só fala das
bolhas no pé do Ronaldo! Isso
me incomoda demais", afirma
o consultor de negócios Thiago
Fonseca, 25, do Rio.
"Desde 1994, o Brasil participa de todas as finais da Copa e
eu entendo que isso faz com
que a exploração do assunto
aumente, mas dedicar uma mesa-redonda de meia hora na TV
para discutir se houve falha na
hora de fazer a chuteira do Ronaldo dá agonia em qualquer
um", acrescenta Fonseca, que
faz questão de dizer que é um
apaixonado por futebol.
Se Thiago, que pratica todas
as semanas e é louco pelo esporte, já não agüenta mais a
quantidade de informações sobre a seleção, quem não gosta
nada do assunto está à beira de
um ataque de nervos. Renato
Lima, estudante de 20 anos que
mora em Natal (RN), andava
tão incomodado com o tsunami
verde-e-amarelo que invadiu
sua cidade que decidiu montar
uma comunidade no Orkut só
para debater o assunto. Em
"Odeio a Copa do Mundo", Renato já reúne mais de mil pessoas que, como ele, estão rezando para que o dia 9 de julho, data da final, chegue logo.
"Irrita o patriotismo exacerbado dos torcedores, o barulho
que eles fazem a noite toda e,
sobretudo, o fato de os dias de
jogo da seleção virarem feriados nacionais. Ora, nem todos
os brasileiros gostam de futebol, né?", queixou-se ele.
A psicóloga Gabriela Altaf,
26, considera perfeitamente
normal e aceitável a reação de
repúdio de Thiago e Renato. "A
superexposição e o detalhamento desse fenômeno de massa estão sendo tão grandes e intensos na mídia que acabam esgotando mesmo a paciência de
algumas pessoas." A própria
Gabriela admite já estar um
pouco cansada da "verde-amarelice generalizada". "Outro dia
fui tomar um café com uma
amiga e me surpreendi ao ver
uma torta feita só com as cores
da seleção e com um monte de
bandeirinhas espetadas nela.
Achei aquilo meio excessivo."
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