São Paulo, sábado, 10 de junho de 2006

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Jogos mal começaram, mas já irritam a tribo dos que odeiam o campeonato

CRISTINA TARDÁGUILA FERREIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Tem gente que já não agüenta mais ouvir falar de Copa do Mundo, que já está irritada com o "patriotismo exacerbado" que assola o país quando o assunto é futebol e que já não suporta mais ver tudo ao seu redor pintado de verde e amarelo -de janelas a roupas, passando até mesmo pelas tortas vendidas no café da esquina.
"Eu definitivamente estou nesse grupo. Enquanto tem milhares de coisas importantes acontecendo, o povo só fala das bolhas no pé do Ronaldo! Isso me incomoda demais", afirma o consultor de negócios Thiago Fonseca, 25, do Rio.
"Desde 1994, o Brasil participa de todas as finais da Copa e eu entendo que isso faz com que a exploração do assunto aumente, mas dedicar uma mesa-redonda de meia hora na TV para discutir se houve falha na hora de fazer a chuteira do Ronaldo dá agonia em qualquer um", acrescenta Fonseca, que faz questão de dizer que é um apaixonado por futebol.
Se Thiago, que pratica todas as semanas e é louco pelo esporte, já não agüenta mais a quantidade de informações sobre a seleção, quem não gosta nada do assunto está à beira de um ataque de nervos. Renato Lima, estudante de 20 anos que mora em Natal (RN), andava tão incomodado com o tsunami verde-e-amarelo que invadiu sua cidade que decidiu montar uma comunidade no Orkut só para debater o assunto. Em "Odeio a Copa do Mundo", Renato já reúne mais de mil pessoas que, como ele, estão rezando para que o dia 9 de julho, data da final, chegue logo.
"Irrita o patriotismo exacerbado dos torcedores, o barulho que eles fazem a noite toda e, sobretudo, o fato de os dias de jogo da seleção virarem feriados nacionais. Ora, nem todos os brasileiros gostam de futebol, né?", queixou-se ele.
A psicóloga Gabriela Altaf, 26, considera perfeitamente normal e aceitável a reação de repúdio de Thiago e Renato. "A superexposição e o detalhamento desse fenômeno de massa estão sendo tão grandes e intensos na mídia que acabam esgotando mesmo a paciência de algumas pessoas." A própria Gabriela admite já estar um pouco cansada da "verde-amarelice generalizada". "Outro dia fui tomar um café com uma amiga e me surpreendi ao ver uma torta feita só com as cores da seleção e com um monte de bandeirinhas espetadas nela. Achei aquilo meio excessivo."


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