São Paulo, segunda-feira, 10 de julho de 2006

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Líder do PCC discute com deputado

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A inquirição de Marcola transcorria em tom cordial. Súbito, o deputado Moroni Torgan alterou o timbre de voz. Acusou a facção de aproveitar-se dos presos, obrigando-os a reincidir no crime para financiar o PCC. Marcola irritou-se.
MORONI - O que existe é uma organização criminosa.
MARCOLA - Vamos parar o grito (...).
MORONI - Uma organização criminosa.
MARCOLA - Vamos gritar. É isso que o senhor quer?
MORONI - Eu falo do jeito que eu quiser (...).
MARCOLA - Não grita, pô!
MORONI - Agora eu quero dizer, com todo o respeito que eu tenho pela humanidade: o PCC existe para explorar os coitados dos presos que têm que sair para rua e trabalhar para eles. Tem que trabalhar, tem que ser criminoso. Se tu saíres, pagar tua pena, tu tens que ir para rua para ser criminoso.
MARCOLA - E o que é que os deputados fazem? Não roubam também? Roubam para caralho, meu!
MORONI - É, isso vai ser outra coisa que tu vai ser indiciado também.
MARCOLA - Só porque deputado rouba eu vou ser indiciado?
MORONI - Por desacato. (...)
MARCOLA - Que moral tem algum deputado para vir gritar na minha cara? Nenhuma.
MORONI - Todo homem de bem tem moral de falar.
MARCOLA - Mas quem disse que... Cadê o homem de bem? Todo bandido fala que é homem de bem.
Marcola desculpou-se. Lamentou ter pronunciado um palavrão. Não foi indiciado.


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