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É Deus no céu e são Ronaldinho na terra!
BARBARA GANCIA
Colunista da Folha
A festa está acabando, mas,
antes que a segunda-feira chegue para trazer de volta a papagaiada dos políticos e as últimas novas sobre a gravidez
da Xuxa, aproveito para soltar
os cachorros em cima da nossa
imprensa esportiva, que parece
ter ido à França só para esculhambar o Ronaldinho.
Tenho dúvidas de que esse
pessoal, que passa as noites de
domingo falando bobagem nas
mesas-redondas da TV tenha,
de fato, assistido a algum jogo
da seleção em solo francês.
Mas a imprensa esportiva
não é a única a ter as patas sujas de lama. Seu Zico e seu Zagallo terão de lavar as mãos na
mesma pia usada por nossos
subcronistas. Ambos são
co-autores da vergonhosa injustiça que se cometeu contra o
melhor jogador do mundo.
Ronaldinho decepcionou,
gritam em coro os invejosos!
Será possível? O jogador mais
marcado do mundo ainda tem
uma partida pela frente e está
a apenas um gol para empatar
com os artilheiros da Copa.
Onde está a decepção?
O garoto, por quem a Inter de
Milão desembolsou quase 30
milhões de dólares, foi o autor
da maioria dos passes que resultaram em gols do Brasil e
eles chamam isso de decepção?
"O Ronaldo é um jogador como outro qualquer", decreta
Zico. "Na seleção não existem
privilegiados", berra Zagallo.
A comissão técnica trata Ronaldinho como um zé mané e
ele engata uma segunda e vai
em frente.
No jogo da semifinal contra
a Holanda mostrou serviço até
nas partes do campo em que
suas chuteiras mágicas jamais
deveriam pisar.
Ronaldinho é o antimacunaíma. Santos Dumont, Vital
Brasil, Noel Rosa e Machado
de Assis que me perdoem, mas,
para mim, Ronaldinho é o melhor do melhor dos brasileiros.
Tranquilo, ponderado, maduro, articulado, alto-astral,
querido pelos colegas, disciplinado: tem tudo esse guri, que
no último mês carregou o peso
do mundo e daquela loirinha
deslumbrada nas costas!
Tudo para alcançar glórias
que Ayrton Senna, com seu
temperamento nipônico, e Pelé, com sua falta de elasticidade mental, nunca sonharam.
Com o primeiro salário, Ronaldinho comprou uma capa
para o sofá da sala onde dormia. Com o segundo, ajudou a
pagar os estudos do irmão.
Hoje, ganha da Inter mimos
como um automóvel Ferrari.
Pois eu digo: é pouco. Para Ronaldinho, eu daria o mundo!
QUALQUER NOTA
Vovô Zagallo
Nos dias de hoje, só mesmo no
Brasil uma pessoa de 66 anos, em
plena atividade, pode ser considerada velhinha.
Titular 4 Ever
Já posso ver o Taffarel, com 90
anos de idade, se posicionando no
gol para defender os pênaltis de
mais uma final de Copa.
Guerreiro
As voltas que a vida dá! Não é
que, desta vez, sou obrigada a
concordar com o Bebeto? Se ele
não reclamasse ao ser substituído,
não seria competitivo o bastante
para estar na seleção, não é?
Censura total
E atenção: no Afeganistão o Taleban acaba de proibir a respiração por via nasal, a digestão e a
transpiração em dias de clima
ameno.
E-mail: barbara@uol.com.br
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