São Paulo, sexta, 10 de julho de 1998

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Ladrão e vítima vão juntos recuperar jóias

da Agência Folha, em Curitiba

Uma empresária de Curitiba foi obrigada a acompanhar o ladrão de suas jóias, que está preso, a duas agências da Caixa Econômica Federal para recuperá-las.
A empresária e professora universitária Elvira Sampaio acompanhou o homem que havia assaltado seu apartamento em 2 de março, já que ele havia penhorado o produto do roubo e só ele poderia assinar o termo de retirada.
O caso aconteceu na última terça. O assalto havia ocorrido no apartamento de Elvira, no bairro Rebouças. O acusado, Antoninho Itacir Barbosa, foi preso por policiais da Delegacia de Furtos e Roubos na última segunda-feira depois de uma denúncia anônima.
Segundo o investigador Henrique Taborda e Feijó, Barbosa confessou o crime, indicando a localização do apartamento de Elvira e mostrando as cautelas do penhor.
Foram roubadas, entre outros bens, jóias avaliadas em R$ 7.000 -que o acusado penhorou por R$ 599. Segundo Elvira, a CEF informou que a entrega das jóias só poderia ser feita mediante o pagamento dos R$ 599. Além da assinatura de Elvira, também foi exigida a assinatura de Barbosa.
Na última terça-feira, um policial civil, em um camburão, levou o acusado às duas agências da CEF. Elvira foi levada em outro veículo. Barbosa assinou os documentos no carro. Elvira disse que só viu o acusado à distância, e que ele parecia "bem-apessoado". "Preferi não encarar o ladrão."
Foi aberto inquérito contra Barbosa. Como não houve flagrante, ele foi libertado pela polícia.
Elvira disse achar um absurdo o banco ter exigido a assinatura do acusado para liberar as jóias. "A assinatura do ladrão vale mais que a minha", reclama. Ela protesta contra o fato de a CEF ter aceito o penhor de produto de roubo sem a suficiente checagem, e também por ter sido obrigada a pagar pelo resgate dos objetos penhorados.
Segundo a assessoria de imprensa da CEF, é impossível checar a procedência dos objetos que são penhorados, e o banco "banca o risco" de receptar produtos roubados. A Agência Folha não conseguiu localizar ontem Antoninho Barbosa. (ROGER MODKOVSKI)



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