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DROGAS
Na primeira semana de implantação do programa, o consumo médio caiu de 15 para cinco garrafões diários
Empresa que serve vinho adere à prevenção
CARLOS ALBERTO DE SOUZA
da Agência Folha, em Porto Alegre
A tradição de servir vinho aos
funcionários no almoço e no jantar, mantida há décadas pela Randon, uma das maiores indústrias
do Rio Grande do Sul, está em xeque desde a adesão da empresa ao
Programa para a Prevenção do
Uso de Drogas no Trabalho.
Fundada por descendentes de
italianos e localizada em Caxias do
Sul -maior cidade de colonização italiana no Estado-, a Randon vive o dilema de não querer
cortar subitamente o fornecimento de vinho e ter de conscientizar
os funcionários da importância de
não beber no trabalho.
Os integrantes do comitê interno de prevenção ao uso de drogas
-a bebida alcoólica está incluída
nessa categoria- queriam extinguir o fornecimento de vinho de
forma sumária, recentemente.
A diretoria da Randon não concordou, temendo gerar inconformidade nos trabalhadores acostumados com o hábito.
Tradicionalmente, o consumo
diário de vinho no refeitório da
maior unidade da Randon era de
15 garrafões de cinco litros.
Cada funcionário, como regra,
pode beber um copo de 150 ml por
refeição, mas a norma é burlada.
Alguns trabalhadores que não tomam passam sua cota para os que
não se contentam com um copo.
Na primeira semana de implantação do projeto de prevenção ao
uso de drogas, no mês passado, o
consumo médio caiu dos 15 garrafões para cinco garrafões diários.
O pessoal do comitê de prevenção, porém, não considera a redução um indicador definitivo. Eles
acham que a queda esteja relacionada ao fato de o programa ser
uma novidade.
"Só daqui a seis meses teremos
uma estatística mais segura", disse a médica do trabalho da Randon, Tatiana Lorenzon José.
Ela é contra a oferta de vinho e
espera que o hábito seja vencido
pelo processo educativo.
"A oferta de bebida para os trabalhadores é incompatível com o
programa de prevenção", disse.
Segundo a médica, dos 3.000 trabalhadores dessa unidade da Randon, 12% estão na "área vermelha", ou seja, são dependentes do
álcool e precisam de tratamento.
A cultura da empresa é oposta,
por exemplo, ao procedimento da
Trensurb, empresa que controla o
trem metropolitano de Porto Alegre, também presente ao encontro. Os funcionários da Trensurb
não podem sequer portar bebida
dentro da empresa.
"Trabalhamos com uma corrente elétrica de 3.000 volts", disse
Eliezar Pazarelli, da comissão de
prevenção da Transurb, aludindo
ao risco a que estaria exposto um
funcionário alcoolizado.
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