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PODER PARALELO
Tiroteio deixou favela, na zona sul do Rio, sem luz; um suposto traficante foi morto e outro está desaparecido
Traficantes da Rocinha invadem Vidigal
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
Um grupo de traficantes da favela da Rocinha (São Conrado,
zona sul do Rio) invadiu no fim
da noite de anteontem o vizinho
morro do Vidigal, na tentativa de
assumir o controle da venda de
drogas. Houve reação. No tiroteio, a rede de energia foi atingida,
o que deixou o bairro sem luz por
toda a madrugada. Um suposto
traficante foi morto; outro está
desaparecido.
O morto foi identificado como
Rafael Luís Soares de Souza Pereira, 22, e integrava a quadrilha de
Vidigal, segundo o coronel Jorge
Braga, comandante do 23º Batalhão da Polícia Militar. Já a família
diz que ele não atuava no tráfico e
que seria usuário de cocaína.
Segundo a polícia, antes de ser
morto a tiros, Souza Pereira foi algemado e torturado pelos invasores. A PM recebeu a informação
de que ele foi capturado quando
jogava sinuca na favela.
O comandante disse que o traficante conhecido como Alumínio
também foi morto pelos invasores. Até a conclusão desta edição,
o corpo não havia aparecido.
Guerra nova
De acordo com moradores do
Vidigal, a tentativa de invasão
ocorreu por volta das 23h30. Um
grupo não-estimado de criminosos chegou à favela pela mata,
usando uma das trilhas que começa no Rocinha.
Ao mesmo tempo, da Rocinha,
partiam, em direção ao Vidigal,
disparos de fuzis com balas traçantes, que se iluminam.
A quadrilha da favela, o CV (Comando Vermelho), reagiu. Depois que os transformadores de
energia foram estourados, deixando a favela às escuras, as dezenas de moradores que estavam na
parte baixa do morro resolveram
esperar o amanhecer no largo em
frente à avenida Niemeyer. Em razão da fuzilaria, a polícia decidiu
fechar o tráfego de madrugada.
A PM ocupou o Vidigal de manhã. Segundo ela, 120 policiais foram destacados para patrulhar o
Vidigal e vasculhar a mata entre o
morro e a Rocinha.
Segundo o coronel Braga, os invasores foram liderados por Eugênio Santos Costa, o Lyon, vinculado à facção ADA (Amigo dos
Amigos) e um dos chefes do tráfico na Rocinha.
Os confrontos entre traficantes
da Rocinha e do Vidigal têm sido
constantes neste ano.
O caso mais conhecido começou na Semana Santa e as duas semanas de tiroteios resultaram na
morte de ao menos 14 pessoas.
Até hoje a polícia não conseguiu
prender Eduíno Eustáquio de
Araújo Filho, o Dudu da Rocinha,
apontado como o principal responsável pelos confrontos.
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