São Paulo, terça-feira, 10 de agosto de 2004

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PODER PARALELO

Tiroteio deixou favela, na zona sul do Rio, sem luz; um suposto traficante foi morto e outro está desaparecido

Traficantes da Rocinha invadem Vidigal

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Um grupo de traficantes da favela da Rocinha (São Conrado, zona sul do Rio) invadiu no fim da noite de anteontem o vizinho morro do Vidigal, na tentativa de assumir o controle da venda de drogas. Houve reação. No tiroteio, a rede de energia foi atingida, o que deixou o bairro sem luz por toda a madrugada. Um suposto traficante foi morto; outro está desaparecido.
O morto foi identificado como Rafael Luís Soares de Souza Pereira, 22, e integrava a quadrilha de Vidigal, segundo o coronel Jorge Braga, comandante do 23º Batalhão da Polícia Militar. Já a família diz que ele não atuava no tráfico e que seria usuário de cocaína.
Segundo a polícia, antes de ser morto a tiros, Souza Pereira foi algemado e torturado pelos invasores. A PM recebeu a informação de que ele foi capturado quando jogava sinuca na favela.
O comandante disse que o traficante conhecido como Alumínio também foi morto pelos invasores. Até a conclusão desta edição, o corpo não havia aparecido.

Guerra nova
De acordo com moradores do Vidigal, a tentativa de invasão ocorreu por volta das 23h30. Um grupo não-estimado de criminosos chegou à favela pela mata, usando uma das trilhas que começa no Rocinha.
Ao mesmo tempo, da Rocinha, partiam, em direção ao Vidigal, disparos de fuzis com balas traçantes, que se iluminam.
A quadrilha da favela, o CV (Comando Vermelho), reagiu. Depois que os transformadores de energia foram estourados, deixando a favela às escuras, as dezenas de moradores que estavam na parte baixa do morro resolveram esperar o amanhecer no largo em frente à avenida Niemeyer. Em razão da fuzilaria, a polícia decidiu fechar o tráfego de madrugada.
A PM ocupou o Vidigal de manhã. Segundo ela, 120 policiais foram destacados para patrulhar o Vidigal e vasculhar a mata entre o morro e a Rocinha.
Segundo o coronel Braga, os invasores foram liderados por Eugênio Santos Costa, o Lyon, vinculado à facção ADA (Amigo dos Amigos) e um dos chefes do tráfico na Rocinha.
Os confrontos entre traficantes da Rocinha e do Vidigal têm sido constantes neste ano.
O caso mais conhecido começou na Semana Santa e as duas semanas de tiroteios resultaram na morte de ao menos 14 pessoas.
Até hoje a polícia não conseguiu prender Eduíno Eustáquio de Araújo Filho, o Dudu da Rocinha, apontado como o principal responsável pelos confrontos.


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