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Vitaminas não previnem doença cardíaca
Conclusão consta nas novas diretrizes da Associação Americana de Cardiologia e é repassada aos médicos brasileiros
Cardiologistas divergem na indicação de aspirina
para todas as mulheres acima de 65 anos mesmo
sem risco cardiovascular
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
Complexos de vitaminas E,
C, betacaroteno e ácido fólico
não previnem doenças cardiovasculares, enquanto o fim do
tabagismo, a prática diária de
exercícios moderados e a redução de gorduras saturadas ao
máximo de 7% das calorias
consumidas por dia são atitudes que devem ser adotadas.
As orientações constam nas
novas diretrizes norte-americanas para a prevenção de
eventos cardiovasculares em
mulheres, mas, segundo cardiologistas brasileiros, elas servem também para os homens.
As metas serão divulgadas
hoje no Congresso Brasileiro
de Cardiologia, que acontece
em São Paulo. Dados do Ministério da Saúde mostram que o
derrame é a principal causa de
morte entre as brasileiras, seguido pelo infarto e pela hipertensão. O câncer da mama aparece em quarto lugar.
Segundo a cardiologista Walkiria Samuel Ávila, professora
da Faculdade de Medicina da
USP e médica no Incor (Instituto do Coração), as novas diretrizes mostram que, cada vez
mais, o maior impacto na prevenção de doenças cardiovasculares é com a adoção de dieta
equilibrada, exercícios físicos e
o abandono do tabagismo.
"Existe uma forte tendência
de colocar os polivitamínicos
como fatores de prevenção. A
paciente chega no consultório
perguntando se não vou prescrever uma vitamina. As evidências científicas mostram
que eles não resolvem. O melhor caminho ainda são os nutrientes naturais, que têm reservas de ácido fólico, vitaminas E e C", explica a médica.
Em parte, o mito também vale para o uso indiscriminado de
aspirina. "Como prevenção primária nas mulheres jovens, não
há evidência que ela funcione."
Para as mulheres acima de 65
anos, a Associação Americana
de Cardiologia diz que há prevenção, em especial do infarto,
e recomenda que esse público
use remédio, independentemente do risco cardiovascular.
Mas a orientação é polêmica.
No consenso americano, a dose
de aspirina recomendada para
mulheres com risco elevado de
doença cardiovascular aumentou de 162 mg para 325 mg/dia.
"Para a prevenção secundária [mulheres que já tiveram
um evento cardiovascular], a
gente recomenda, no máximo,
200 mg. Para as outras, 100 mg.
Quanto maior a dose, maior é o
efeito colateral, como gastrite e
hemorragia gastrointestinal",
alerta Walkiria Ávila.
Segundo o cardiologista José
Antonio Ramirez, que preside o
congresso, o uso da aspirina por
pessoas sem riscos cardiovascular é controverso. "A classe
médica demora anos para absorver uma diretriz dessa."
Para ele, apenas mulheres de
alto risco devem tomar aspirina como forma de prevenção.
"Faz sentido se a mulher é obesa, tem pressão alta, diabetes
ou resistência à insulina."
Ramirez defende a necessidade de estudos específicos sobre o universo feminino para
que a mulher seja mais "bem
tratada" do ponto de vista cardiovascular. "Não sabemos, por
exemplo, se ela deve fazer exercício físico da mesma intensidade do que o homem. Colocamos tudo no mesmo saco."
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