São Paulo, Domingo, 10 de Outubro de 1999
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Estado afirma que irá punir policiais se irregularidade for comprovada
Estamos investigando, dizem secretário e PM


da Reportagem Local


O secretário-adjunto da Segurança Pública de São Paulo, Mário Papaterra Limongi, disse que vai instaurar um procedimento interno para apurar os possíveis excessos cometidos por policiais civis no 26º DP.
"Não compactuamos com qualquer tipo de tortura. Se os policiais entraram com capuz, já é uma irregularidade. É sinal de que estavam mal-intencionados", afirmou Limongi.
Segundo o secretário-adjunto, é "natural" que a denúncia de presos seja vista com reservas. "Com a fita, a denúncia é mais consistente. Vamos investigar e, em caso de irregularidades, punir os policiais com rigor."
O juiz corregedor do Dipo (Departamento de Inquéritos Policiais), Maurício Lemos Porto Alves, disse que recebeu a gravação e que a encaminhou a peritos, para que fizessem a transcrição.
"Recebi a fita, mas a qualidade é muito ruim. Ainda não tenho a reprodução, mas tudo será investigado", afirmou Alves.

Sigilo
O caso do 26º DP já é alvo de investigação pelo Ministério Público, onde foi aberta uma sindicância sigilosa.
"Juntamos documentos e o próximo passo é identificar os policiais que estiveram na cadeia no dia 16 de maio", afirmou o promotor Gabriel Inellas.
Segundo ele, após a identificação, os presos serão chamados para tentar reconhecer os possíveis agressores.
"Essa identificação é muito importante, pois a gravação tem qualidade ruim. O reconhecimento basta para que os policiais sejam indiciados", disse Inellas.
Por meio da Pastoral Carcerária, o caso de tortura no 26º DP foi parar também na Ouvidoria da Polícia de São Paulo.
"Queremos saber o que ocorreu na cadeia naquele dia. É preciso compreender que, mesmo que a vítima seja um preso, nenhuma pessoa pode ser torturada. É um delito hediondo", disse o ouvidor, Benedito Domingos Mariano.

Polícia Militar
O Comando Geral da Polícia Militar de São Paulo informou que já instaurou uma sindicância para apurar o procedimento do comandante do 5º Batalhão de Policiamento Militar Metropolitano, tenente-coronel Edson Pimenta Bueno Filho.
A corregedoria da Polícia Militar recebeu uma cópia da gravação em que o tenente-coronel aparece insultando autoridades e incentivando a tropa ao crime.
A assessoria da Polícia Militar informou que o comandante-geral não vai comentar o assunto até a conclusão do procedimento interno.
Disse também que as investigações estão "bem encaminhadas".
De acordo com a assessoria, é preciso confirmar as condições em que a fita foi gravada.
Se ficar comprovado que as frases partiram do tenente-coronel, segundo a assessoria, ele será punido pelo comando da Polícia Militar.
(LILIAN CHRISTOFOLETTI)


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