São Paulo, quarta-feira, 10 de outubro de 2007

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Educadores falam que indicação é o pior método

Especialistas têm ressalvas na nomeação de cargos

DO ENVIADO ESPECIAL A CAXAMBU (MG)

A nomeação política para diretores de escolas foi apontada como a pior forma de seleção por três dos quatro educadores e gestores ouvidos pela reportagem. Nenhum deles defendeu este método de escolha.
"É a pior forma de escolha. Significa que o diretor, mesmo que ele seja bom, terá de sair se o vereador que o indicou brigar com o prefeito", alega Maria do Pilar, secretária de Educação Básica do MEC (Ministério da Educação). "Não há plano pedagógico de escola que resista", completa Pilar.
Presidente da Undime (entidade que reúne os secretários municipais de Educação), Cleuza Rodrigues afirma que a gestão da escola precisa ser "profissional". Ela explica que a entidade apresenta, em todos os seus congressos, formas de evitar as indicações políticas.
Ângelo Ricardo de Souza também aponta o sistema de nomeação como a pior prática para as escolas. "As formas democráticas dão mais legitimidade aos diretores", afirma.
Para Souza, os concursos públicos escolhem, tecnicamente, muito bem os diretores. "Se a pessoa foi escolhida é porque ela se mostrou superior às demais na seleção", afirma.
Ele lembra, no entanto, "que os selecionados podem não ter o preparo de articulação política para comandar uma escola, o que não está ligado à política partidária".

Concursos
Professor titular da Faculdade de Educação da USP (Universidade de São Paulo), Vitor Paro se diz contrário tanto à indicação política quanto aos concursos públicos.
Este último modelo, segundo Paro, é negativo porque os selecionados podem escolher as unidades que vão dirigir "sem nem conhecer a escola".
"A indicação política todo mundo sabe que é ruim. Mas o concurso tem um caráter de legitimidade que encobre os problemas", afirma o professor titular da USP.
A Secretaria Estadual da Educação de São Paulo, a maior rede que utiliza os concursos públicos, afirmou que o sistema evita a indicação política para os cargos de diretores.
Apesar disso, a secretaria afirmou que deverá abrir uma discussão com as entidades representativas de ensino do Estado para definir se, de fato, os concursos são a melhor opção.
(FÁBIO TAKAHASHI)


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