São Paulo, sábado, 10 de novembro de 2007

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Conselho tutelar proíbe menina de dar entrevista

Laís Melo, 11, sobreviveu à queda do Learjet, domingo

LUISA ALCANTARA E SILVA
DA REDAÇÃO

A menina Laís Gonçalves da Silva Coutinho Melo, 11, que sobreviveu à queda do Learjet no último domingo em São Paulo, não pode dar mais entrevistas por determinação do Conselho Tutelar do bairro da Casa Verde (zona norte), onde ela mora. Sua amiga Cláudia Fernandes, 16, segue na UTI.
Segundo o conselho, se os responsáveis por Laís não seguirem a ordem, o conselho pedirá à Justiça a guarda de Laís, que, nesta semana, foi aos programas de Ana Maria Braga (Globo) e José Luiz Datena (Bandeirantes), entre outros.
"Os apresentadores só pensam na audiência, não na saúde dela", disse Paulo Novaes, conselheiro tutelar da Casa Verde.
O avô de Laís, Nelson Gonçalves, concorda. "Ela já tinha dito que estava cansada", disse ele, que levará a neta ao "Programa Raul Gil" hoje -a exceção foi permitida porque a entrevista já estava agendada.
A decisão do conselho é amparada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.
Novaes diz ter utilizado, entre outros artigos do estatuto, o que diz que nenhuma criança será objeto de exploração, referindo-se à exploração da imagem e do sentimento da garota.
"Ela deve estar adorando aparecer na TV, mas, quando a mídia esquecer o caso, ela pode ter depressão por achar que foi esquecida", afirmou Novaes. Outro motivo que o levou a tomar a decisão foi a recomendação de repouso dada pelo hospital onde ela foi atendida.
Os responsáveis pela garota podem, em tese, recorrer na Justiça. "Se eles acharem que a exposição não faz mal, podem tentar reverter a situação", disse Ariel de Castro Alves, advogado e membro do Conselho Nacional do Direito da Criança e do Adolescente. "A posição do conselho foi acertada", disse Luiz Alberto Araújo, professor de direito da PUC.
O conselho é autônomo e recebe verba do município. O conselheiro é eleito por três anos -qualquer eleitor pode participar da escolha.


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