São Paulo, sábado, 10 de novembro de 2007

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Bope abandonará uniforme preto e terá mulheres em 2008

DA SUCURSAL DO RIO

O Bope abandonará um componente de sua mística, o uniforme preto, em nome da segurança. Outra mudança, também prevista para 2008, será a inclusão de mulheres na tropa.
Serão duas inovações radicais para a unidade, criada em 1978, e onde até hoje nenhuma mulher conseguiu completar o treinamento com os homens.
A farda negra, que rendeu fama ao Bope, "faz silhueta" em ações noturnas em favela, o que pode significar a morte para o soldado. Deve dar lugar à cor acinzentada, com "camuflado digital", semelhante à da Força Nacional de Segurança.
O comandante do Bope, tenente-coronel Pinheiro Neto, confirmou à Folha que há um estudo para escolher o melhor uniforme para a tropa.
Em ações do complexo do Alemão, o Bope chegou a usar o uniforme da Força Nacional e o Caveirão, mas como estratégia para confundir os criminosos.
O cabo PM Cyro, da área de instrução do Bope, explicou que à noite, após os olhos se acostumarem à escuridão, é possível identificar o vulto de preto. "É mais difícil perceber alguém com farda de camuflado digitalizado", comparou.
Só o Grupo de Resgate de Reféns continua com a cor escura. "O preto aumenta a dimensão do policial e aparenta maior número, o que é fator psicológico negativo para o oponente", disse Pinheiro Neto.
As primeiras mulheres da tropa de elite da PM do Rio devem entrar no segundo semestre de 2008. As voluntárias a atuar em operações táticas e especiais do batalhão passarão por treinamento rigoroso em um curso específico para elas.
Embora o currículo e as atividades sejam os mesmos dos homens, haverá adaptações na parte de esforço físico. "Houve mulheres que iniciaram o curso geral, mas nenhuma o concluiu", diz o comandante.
Em 2006, o delegado Marcos Ferreira, da Polícia Federal, fez considerações negativas sobre a presença de mulheres em unidades especiais.
"É bom ter [mulher] na equipe para ter alguém para cozinhar para a gente", afirmou ele a jornalistas, em tom meio sério meio de brincadeira. "Em outra ocasião, precisamos de uma fêmea para uma operação e não havia. A policial que foi não estava preparada", continuou. (RG)


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