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Capitão Nascimento é fanfarrão, diz comandante
Para o tenente-coronel Pinheiro Neto, do Bope, "Tropa de Elite" é uma caricatura
Segundo o "Caveira 41", o Bope é extremamente eficiente, usa a força letal prevista em "código" e pode ser comparada com a Swat
DA SUCURSAL DO RIO
Aos 43 anos, o tenente-coronel Pinheiro Neto é o 13º comandante do Bope e o "Caveira
41". Reconhece que faltam
equipamentos modernos e diz
que "Tropa de Elite" é "uma caricatura" do Bope e da PM. Vê
aspectos positivos no filme e
reconhece que é uma propaganda para a unidade. Só não
perdoa o capitão Nascimento,
protagonista do filme. "É um
um fanfarrão."
(RAPHAEL GOMIDE)
FOLHA - O Bope é eficiente?
PINHEIRO NETO - Extremamente.
Tira de circulação o marginal e
minimiza danos à população,
trazendo o combatente vivo.
Pelo volume de operações e as
condições em que somos chamados a intervir, em situações
fora de controle, prova que o
treinamento tem efeito.
FOLHA - O Bope mata mais do que
deveria?
PINHEIRO NETO - Não digo nem
que sim nem que não. Usamos
a força letal prevista em código,
quando o oponente não se rende ou põe nossa vida ou a de
terceiro em risco. Este ano tivemos seis casos de resgates,
com nove resgatados. Quando
tiramos de circulação traficantes que expõem riscos a milhares, é tropa que salva vidas.
FOLHA - É incorruptível?
PINHEIRO NETO - Trabalhamos
para isso. Quem não pensa assim não deve vir. Perde seu
tempo e, pior, faz com que percamos o nosso. Agora, trabalhamos com seres humanos, passíveis de erro, mas temos instrumentos para punir o desvio. Já
tive gente excluída por outros
fatores: por deficiência tática,
disciplina, relacionamento.
Na minha gestão não houve
excluído por corrupção. Em
outras gestões, não recordo.
FOLHA - É possível comparar o Bope com unidades de outros países?
PINHEIRO NETO - Com a Swat, dá
para comparar nossa unidade
de intervenções táticas. No resto, só com unidades de Israel
na Faixa de Gaza e as tropas
dos EUA em Bagdá.
FOLHA - O Bope tem o mesmo nível de equipamento tecnológico da
Swat?
PINHEIRO NETO - Tenho tudo o
que quero? Minha resposta é
um "não" bem grande. Precisamos de tecnologias de última
geração, pequenas câmeras de
infiltração, sensores de calor. É
necessário investir e é função
que faço com freqüência.
Vão chegar novos blindados
de Israel, de US$ 300 mil. Solicitamos desde fuzis de assalto
até tratores, blindagem pessoal, explosivos, caminhões
4x4, armamento não-letal.
FOLHA - O Caveirão (blindado) está
ultrapassado?
PINHEIRO NETO - É engraçado:
nunca chamamos o blindado de
Caveirão, mas ficou conhecido
assim. O blindado tem uma série de coisas a serem melhoradas, mas muitos PMs deixaram
de morrer por causa dele. Não
dá para abrir mão.
FOLHA - "Tropa de Elite" é propaganda positiva ou negativa?
PINHEIRO NETO - O filme é uma
caricatura do curso e dos batalhões convencionais. Foi importante por discutir a relação
hipócrita entre consumo de
droga e financiamento da violência e mostrar que bandido é
bandido. Mostra o lado ruim da
PM, cruel e corrupto -que
existe-, mas também o bom. A
PM é a corporação que mais
expurga os maus funcionários.
Foi uma propaganda para o
Bope? Posso dizer que sim.
FOLHA - E o capitão Nascimento?
PINHEIRO NETO - É um descompensado, um fanfarrão.
FOLHA - E o capitão Pimentel [co-roteirista e ex-Bope]?
PINHEIRO NETO - Extremamente
carismático, inteligente e honesto. Foi meu amigo, mas frise aí: foi. Fomos grandes amigos; hoje, somos conhecidos.
FOLHA - Mais gente quer entrar para o Bope depois do filme?
PINHEIRO NETO - Saberemos nas
inscrições de janeiro. No último curso, antes do filme e sob o
impacto da ação no Alemão, foram 548 candidatos [30 vagas]
-a média antes era de 250.
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