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Diploma nem sempre é aceito no Brasil
Estudante passa por banca e pode ter de fazer provas para conseguir validação brasileira de curso feito no exterior
"Nacionalizar" o diploma é imprescindível para exercer profissões que exigem registro, como engenharia (Crea) ou medicina (CRM)
DA REPORTAGEM LOCAL
A criação do conselho de universidades americanas para
atrair estudantes estrangeiros
repercute na imprensa europeia e asiática como grande
oportunidade, mas os estudantes brasileiros precisam ficar
atentos às desvantagens que a
experiência pode representar.
Não existe garantia de que o
diploma de graduação obtido
em instituição estrangeira será
aceito no Brasil. Para conseguir
validá-lo aqui, é preciso procurar uma universidade pública
nacional, na qual uma banca
analisará se a grade curricular
do curso é compatível com a
que ela oferece.
Esse grupo de professores
que analisa o diploma estrangeiro tem autonomia para pedir que o aluno faça provas para
atestar o aprendizado -e também para negar a validação.
"Nacionalizar" o diploma é
imprescindível para exercer
profissões que exigem registro,
como engenharia (Crea) ou
medicina (CRM).
É importante que o estudante consulte a embaixada do país
no Brasil e universidades públicas brasileiras antes de se decidir sobre o curso.
Para ter uma boa experiência, é também preciso pesquisar sobre as características do
país. "Em alguns lugares dos
EUA e do Canadá, por exemplo,
o inverno é rigoroso e escurece
muito cedo, o que pode aumentar a sensação de solidão. Além
de se preocupar com o nível do
ensino, o estudante deve buscar informações sobre como será sua vida na cidade", diz Patrícia Lumy, gerente de ensino
superior internacional no STB.
Turma
A integração com colegas locais pode não ser plena. Em
universidades com mais estrangeiros, costuma ser mais
fácil fazer amigos que também
chegaram sozinhos até ali.
O nadador Cesar Cielo, 21,
ouro nas Olimpíadas de Pequim, estuda comércio exterior
no Alabama e diz conviver bem
com americanos e outros estrangeiros.
Ele ganhou bolsa de estudos
na Universidade de Auburn por
ser atleta, mas, para ingressar,
teve de conquistar notas altas
nos exames SAT (prova de conhecimentos verbais e matemáticos) e Toefl (de proficiência na língua inglesa).
"A universidade aqui tem estrutura de pós no Brasil: você
escolhe as aulas e a velocidade
em que quer se formar. Os trabalhos são muito pesados, sempre temos de fazer uma apresentação para a sala e, no meu
caso, ainda concilio isso com os
treinos", diz ele, para quem o
curso o ajuda a administrar a
carreira de esportista.
"Os professores gostam de
ter estrangeiros na sala de aula
e sempre pedem exemplos em
nossos países sobre o que estão
ensinando. Estar ali é bom tanto para nós quanto para os
americanos", diz.
Dólares
A oportunidade que se abre
para os estudantes tem contrapartidas para a faculdade além
da experiência internacional
que oferece aos alunos: visa
também aumentar a arrecadação anual.
Nos EUA, municipais e estaduais cobram anuidade em dobro (ou triplo) de quem vem de
outro Estado, o que se aplica
também a estrangeiros.
O problema é que estudantes
americanos só costumam atravessar a fronteira estadual -e,
assim, desembolsar mais-
quando aceitos em instituições
famosas, como a Universidade
Stanford (Califórnia).
"As públicas americanas têm
grande perfil empresarial, de
preocupação com receita. Isso
não quer dizer que elas não sejam boas. É preciso pesquisar e
tomar cuidado na escolha, mas
essa pode ser uma boa oportunidade para ter uma formação
diferenciada, especialmente
nas áreas de gestão, tecnologia
e saúde", diz Carlos Monteiro,
consultor em ensino superior.
Uma das vantagens de fazer
faculdade nos EUA é que, diferentemente do que acontece na
Inglaterra, por exemplo, não é
preciso estudar um ano complementar ao ensino médio, já
que os americanos também estudam 11 anos antes de ingressar no nível superior.
Na Inglaterra, contudo, é comum que o estrangeiro seja
dispensado do período complementar se cursou um ano de faculdade no país ou se concluiu
curso técnico com quatro anos
de duração.
(DB)
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