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São Paulo, terça-feira, 11 de março de 2003

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Tatto barra empresas em licitação

ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Prefeitura de São Paulo vai barrar na licitação dos ônibus a entrada de uma empresa cujos proprietários também são sócios da família Constantino, que controla a companhia aérea Gol e é líder do transporte urbano no país.
Segundo a Folha apurou, a gestão Marta Suplicy (PT) estuda ainda meios jurídicos para vetar a participação de um executivo ligado ao empresário Romero Teixeira Niquini -que já foi um dos três maiores de São Paulo, mas que teve seus contratos rompidos em setembro de 2002 sob a acusação de irregularidades na prestação de contas da arrecadação.
O governo petista diz que essas viações são controladas por "laranjas". "Os donos oficiais não têm capacidade econômica para serem os verdadeiros operadores", afirmou Jilmar Tatto, secretário municipal dos Transportes.
Tatto só revelou a identidade de uma das empresas. Trata-se da Andresa, que entrou na licitação como integrante do consórcio Bandeirantes, para operar nas zonas oeste e norte. Questionado sobre os instrumentos legais para barrá-la, afirmou que a documentação dela está inadequada.
O secretário disse que ainda não divulgaria a outra porque estava confirmando as possibilidades jurídicas para vetá-la. "Há 80%, 90% de chance", afirmou. Funcionários da prefeitura ouvidos pela reportagem disseram que seria a viação América do Sul, cujo dono, Wagner de Almeida Vieira, é um ex-funcionário de Niquini. A empresa faz parte do consórcio SPBus, que disputa a zona leste.
A viação Andresa foi constituída no dia 14 de janeiro deste ano, quase duas semanas depois do lançamento do edital de licitação do novo sistema de transportes. Ela tem um capital social registrado de R$ 6 milhões. Os dois sócios são Marcelo de Angelo D'Almeida e Silva e Aracorp Assessoria de Marketing e Comunicação.
Esses nomes também constam, desde outubro de 2002, da sociedade da viação Marazul, dirigida pela família Constantino. O endereço das duas empresas é igual: rua Andresa, 101, Jaraguá. No mesmo lugar também funciona a atual viação Serra Negra.
Embora não tenha revelado a identidade da segunda empresa que poderá ser barrada, Tatto deu sinais que apontam para a América do Sul. Disse que se trata de uma viação que "já estava no sistema e que opera muito mal". A América do Sul sofreu intervenções da prefeitura nos últimos meses por atraso dos salários.
A Folha não conseguiu contato com Vieira. O grupo Niquini negou participar direta ou indiretamente da licitação. Representantes da família Constantino foram procurados, mas não responderam aos pedidos de entrevista.


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