São Paulo, quarta, 11 de março de 1998

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Prova foi contestada na Justiça

da Reportagem Local

A criação da Maratona de São Paulo pelo então prefeito Paulo Maluf ainda é contestada na Justiça. Maluf, o ex-secretário de Esportes Ivo Carotini e a Rede Globo de Televisão foram condenados em agosto do ano passado a devolver à prefeitura R$ 1,2 milhão referentes ao contrato assinado em 95 para a realização da prova.
Ao contrário do que ocorre normalmente, a Rede Globo não pagou para transmitir o evento, mas recebeu dinheiro da prefeitura, que usou a corrida para exibir as obras viárias de Maluf, como pontes e túneis.
A decisão do juiz Egberto de Almeida Penido, da 4ª Vara da Fazenda Pública, suspendeu a validade do contrato assinado entre a prefeitura e a emissora de TV. Maluf, que não fala sobre o caso, está recorrendo da sentença, assim como os outros réus.
O juiz considera que a Prefeitura de São Paulo deveria ter aberto concorrência pública para a organização e transmissão do evento.
Mas a gestão de Paulo Maluf fechou acordo de exclusividade com a Rede Globo, sem ter permitido a concorrência.
A alegação de Maluf na época foi a de que a Globo seria detentora exclusiva dos direitos de organização e transmissão de maratonas internacionais em São Paulo.
Mas a Confederação Brasileira de Atletismo, que teria cedido os direitos de exclusividade à Globo, negou a informação.
Uma ação popular foi proposta pelos vereadores paulistanos José Eduardo Martins Cardozo e Adriano Diogo (PT).
"O ex-prefeito está recorrendo da condenação, mas acredito que a sentença deva ser mantida pelo flagrante abuso cometido com dinheiro público", afirma Cardozo.
Essa foi a segunda vez que a Justiça condenou Paulo Maluf a devolver dinheiro aos cofres públicos em decorrências de eventos esportivos.
Após a Copa de 70, o então prefeito de São Paulo presenteou os jogadores tricampeões com 25 Fuscas. Maluf foi processado e, depois de condenado pelo Supremo, em 1981, depositou o dinheiro em juízo e recorreu. Em 1995, foi liberado da devolução pelo próprio Supremo.
Maluf também responde a processo por crime contra a Lei das Licitações. A denúncia do Ministério Público, que pode cassar os direitos políticos de Maluf por cinco anos, ainda não foi julgada pelo Tribunal de Justiça de SP. (MRH)


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