São Paulo, domingo, 11 de abril de 2004

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Grupos defendem maior divulgação

DA REPORTAGEM LOCAL

Grupos feministas e de defesa dos direitos reprodutivos da mulher e médicos elogiam a iniciativa do Ministério da Saúde de aumentar a distribuição dos contraceptivos de emergência, mas defendem uma maior divulgação do método, inclusive entre os profissionais de saúde.
No ano passado, ONGs filiadas à Rede Nacional Feminista de Saúde realizaram uma avaliação sobre como o contraceptivo de emergência vem sendo adotado no Brasil e concluíram que há desconhecimento e resistência de médicos na indicação da pílula por julgarem-na abortiva.
Também relataram que ainda há muita dificuldade de informação e de acesso das adolescentes ao método contraceptivo.
Para a demógrafa Elza Berquó, 70, presidente da Comissão Nacional de População e Desenvolvimento, a pílula deve ser mais divulgada entre as adolescentes como medida de prevenção à gravidez precoce. "É o grupo mais vulnerável às relações [sexuais] eventuais e desprotegidas", diz.
A faixa etária dos 15 aos 19 anos é a única que apresentou aumento na taxa de fecundidade na última década no país, segundo cruzamento dos censos de 1991 a 2000 realizado por Berquó. Em 1991, para cada grupo de mil mulheres nessa faixa etária, 75 tiveram filhos. Em 2000, foram 94, um crescimento de 25%.
Berquó, porém, avalia ser fundamental a dupla proteção. "Tem que incentivar o uso da camisinha. Só ela é que vai proteger a mulher das DSTs e da Aids", diz.
Para Raquel Barros, coordenadora da Associação Lua Nova, casa em Araçoiaba da Serra (a 117 km de SP) que acolhe jovens mães em situação de risco e busca a reintegração social das jovens, a disseminação da pílula evitaria muitos casos de aborto clandestino e de filhos indesejados.
Ela diz que nesta semana atendeu uma garota de programa adolescente que tinha engravidado de um cliente após a camisinha estourar. "Ela nunca tinha ouvido falar em pílula do dia seguinte."
Segundo o médico Jorge Andalaft Neto, em casos de estupro há de 5% a 7% de chances de a mulher engravidar. Com o uso da pílula de emergência, as possibilidades caem para 2%. (CC)


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