São Paulo, domingo, 11 de abril de 2004

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RIO

Governo promete ocupar região por tempo indeterminado; número de policiais na favela vai subir de 380 para 900 amanhã

Polícia mata 2 durante tiroteio na Rocinha

Ana Carolina Fernandes/Folha Imagem
Policiais na Rocinha, onde mais de 200 homens da Polícia Civil tentavam tentar capturar traficantes


ALESSANDRO FERREIRA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Dois supostos traficantes foram mortos por policiais militares no final da noite de anteontem em uma mata na favela da Rocinha (São Conrado, zona sul do Rio).
Com isso, subiu para sete o número de vítimas fatais dos confrontos na Rocinha desde o momento da invasão, na madrugada de sexta-feira, de traficantes que tentam assumir o controle dos pontos-de-venda de drogas controlados por traficantes rivais. Oito pessoas ficaram feridas.
Ontem à noite, o comandante-geral da PM, coronel Renato Hottz, anunciou que 900 policiais se dividirão em três turnos e ocuparão ininterruptamente a partir de amanhã a Rocinha e seus arredores. Ontem, 380 policiais militares já faziam essa função.
Os dois mortos integrariam o grupo que tentara invadir a favela. A invasão resultou em tiroteios que duraram até a noite, quando dois policiais militares do Bope (Batalhão de Operações Especiais) foram mortos por criminosos escondidos na mata.
Haroldo dos Santos, 23, foi preso na mata. Segundo a polícia, ele tentava esconder uma calça camuflada de uso militar e uma granada. Segundo o comandante do 23º Batalhão de Polícia Militar, coronel Jorge Braga, as mortes só puderam ser confirmadas ontem de manhã, quando a polícia entrou na mata e achou os corpos.
Braga afirmou que há ainda de cinco a dez traficantes refugiados na mata, entre eles Eduíno Eustáquio de Araújo, o Dudu, que estaria ferido. Dudu foi o comandante da invasão, de acordo com informações da polícia do Rio.
Segundo a PM, com os dois supostos traficantes foram apreendidos um fuzil, um carregador de fuzil, 213 projéteis, uma pistola, dois carregadores de pistola e um colete usado para acondicionar carregadores para as armas.
Até a conclusão desta edição, os mortos, com idade aproximada de 25 anos, não haviam sido identificados pela polícia.

Comboio
Na manhã de ontem, um comboio de 60 carros com mais de 200 homens de unidades especializadas da Polícia Civil subiu a favela para tentar capturar traficantes.
Participaram da ação policiais da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais) e da DRE (Delegacia de Repressão a Entorpecentes), chefiados pelo chefe da Polícia Civil, delegado Álvaro Lins.
Com colete à prova de balas e fuzil, Lins entrou na mata próxima à localidade conhecida como Laboriaux, na Rocinha, para ajudar na caçada aos traficantes.
Por ordem do secretário estadual de Segurança Pública, Anthony Garotinho, o chefe da Polícia Civil interrompeu o descanso no feriado para assumir o comando das ações na favela.
O secretário também voltou de Angra dos Reis (RJ), onde descansava com a governadora Rosinha Matheus (PMDB).
A operação na favela contou com um total de 500 policiais civis e militares, segundo a secretaria. Dois helicópteros da polícia sobrevoaram a Rocinha durante toda a manhã.
Segundo o comandante-geral da PM, a ação da polícia na madrugada de sexta-feira foi ""proveitosíssima". Na ocasião, três pessoas morreram durante a ação dos traficantes rivais.
""Vários bondes estavam organizados para se juntar ao grupo de traficantes que pretendia invadir a favela da Rocinha. Isso conseguimos impedir", disse Hottz.


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