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São Paulo, domingo, 11 de maio de 2003

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Francisco Morato, no norte da Grande SP, gera pouca renda e tem de suprir grandes demandas sociais

Cidade-dormitório tem mais alta privação

DA REDAÇÃO

"Tô quebrado", diz José Cordeiro, 52. Ele é dono de um bar no Jardim Vassouras, uma das áreas mais carentes de Francisco Morato, cidade da Grande SP que tem o mais alto percentual da população em áreas de alta privação social (88,4%). No bairro, o dinheiro é tão escasso que comerciantes anunciam o escambo: uma maçã por uma panela velha ou duas garrafas vazias.
A cidade não pertence aos grandes eixos de pobreza da metrópole -é um bolsão de alta exclusão social formado em razão da ferrovia, que deu acesso fácil à moradia barata. O crescimento populacional da cidade foi de 60% entre 1991 e 2000, quando somou 135 mil habitantes.
Como diz a secretária nacional de Programas Urbanos, Raquel Rolnik, "é desumano que municípios tenham de resolver sozinhos os problemas criados pela região metropolitana". Marcio Pochmann, secretário de Desenvolvimento, Trabalho e Solidariedade da Prefeitura de SP, lembra que 1/3 da mão-de-obra ocupada na capital não é residente nela.
Todos os dias, 30 mil pessoas saem de Francisco Morato para trabalhar, informa o prefeito José Aparecido Bressane (PSDB). "Os moradores geram renda em outra cidade. Nós ficamos com os problemas." Muitos fazem suas compras onde trabalham e voltam à cidade apenas para dormir. O comércio local tem dificuldades.
O chefes de casa são, de forma geral, trabalhadores com pouca qualificação. Há muitos desempregados. "Os recursos são mal distribuídos na metrópole. O município depende de repasses do Estado", diz Bressane. A cidade é toda urbana e acidentada. Falta espaço para tudo, até mesmo para o desenvolvimento.
(EDNEY CIELICI DIAS)


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