São Paulo, segunda-feira, 11 de junho de 2001

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URBANISMO

Parceria entre Estado e prefeitura prevê reforma de imóveis e iluminação nova para atrair investidores

Projeto cria centro de lazer na região da Luz

SÉRGIO DURAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma parceria entre governo do Estado e Prefeitura de São Paulo pretende transformar a região da estação ferroviária da Luz em um pólo de lazer e turismo, com funcionamento 24 horas. Dessa forma, o até então apêndice do programa Reconstruir o Centro poderá virar a sua maior atração.
O projeto pretende reformar toda a região do entorno da estação. Fios que estão em postes serão aterrados, calçadas serão padronizadas, e a iluminação, modificada. Também está prevista a unificação das placas de comércio, a implantação de sistemas de segurança com câmeras e a criação de um estacionamento subterrâneo. Essas medidas têm como objetivo atrair novos empreendimentos.
Inicialmente, o plano de reestruturação do centro deveria usar a verba do programa Monumenta, convênio entre a União, o BID (Banco Interamericano do Desenvolvimento) e a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura). Para conseguir a verba, a prefeitura precisa apresentar projeto de restauração em que conste um conjunto arquitetônico tombado pelo governo federal.
Foi o que fez São Luís e Salvador, por exemplo. Só que São Paulo não chega a possuir conjuntos arquitetônicos, mas bairros com imóveis tombados em locais diferentes. A região da Luz é a detentora do maior conjunto.
Além de o plano paulistano não seguir os moldes das capitais nordestinas, o dinheiro previsto pelo Monumenta, cerca de US$ 8,5 milhões, não era suficiente para custear as reformas planejadas.
O jeito foi buscar parcerias e elaborar um plano diferenciado, segundo a vice-presidente da Emurb (Empresa Municipal de Urbanização), Mara Suzana Calor. "Na propusemos restauro de casarões, mas uma requalificação urbana", explica.
A primeira parceria acertada foi com o governo do Estado, responsável pela restauração de prédios como o da estação Júlio Prestes e, mais recentemente, da estação da Luz, que deverá consumir cerca de R$ 30 milhões. "O diálogo [com o Estado" tem sido muito bom", diz Calor.
A única alteração proposta pelo governo estadual ao plano municipal foi estender a área a ser revitalizada para incluir, entre outros imóveis históricos, os galpões da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), a casa de Santos Dumont e as instalações do antigo Desinfectório de São Paulo, todos no Bom Retiro.
Uma vez assinado o convênio com o Estado, a prefeitura tem de correr contra o tempo para finalizar o projeto, já que ele tem de ser apresentado e aprovado até o fim deste ano pelo Monumenta.

Novo perfil
A requalificação urbana da região da Luz não depende apenas da melhoria de calçadas, luzes e postes, mas também da reforma de imóveis particulares e da mudança de perfil da maioria do comércio local.
Em frente à estação da Luz, por exemplo, há pequenos hotéis que se alimentam da prostituição e lojas populares que funcionam em casarões antigos.
Para mudar a paisagem, além de estabelecer a padronização das placas e dos letreiros usados pelos estabelecimentos, a prefeitura vai usar a Lei de Fachadas para conceder isenção de IPTU (Imposto Territorial e Predial Urbano) àqueles que restaurarem imóveis antigos. Como complemento, orientará os comerciantes a usar uma linha de crédito especial da Caixa Econômica Federal.
Mara acredita que a revitalização do local promovida pelo programa irá afetar a vida do comércio, expulsando antigas práticas e atraindo novas.
Para garantir que isso também ocorra na Luz, a Emurb reunirá empresários e interessados dos setores de lazer, gastronomia e entretenimento para abrir atrações naquela região.



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