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TJ suspende ação contra doméstica acusada de tentar matar bebê
Desembargador considerou contraditórios os depoimentos dos pais da criança
ANNA CAROLINA CARDOSO
RODRIGO VIZEU
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A Justiça de São Paulo suspendeu o processo contra a empregada doméstica Anita Maria
dos Santos, 52, acusada de tentar matar um bebê de três meses na casa em que trabalhava
em 2005, na Vila Carrão (zona
leste da capital). A decisão é de
fevereiro deste ano.
O desembargador Cláudio
Caldeira, do Tribunal de Justiça, considerou contraditórios
os depoimentos dos pais e ressaltou que os laudos não detectaram a presença de água sanitária na água analisada.
Além disso, avaliou que um
vídeo feito pelos pais não comprovava que a empregada misturasse o material de limpeza à
água nem que o líquido fosse
para o consumo do bebê.
A sentença livra Santos de
ser julgada pelo tribunal do júri
e suspende o processo até que o
crime de tentativa de homicídio prescreva, em 20 anos. Durante o período, pode ser reativado caso surjam novas provas.
O promotor Maurício Antônio Ribeiro Lopes, responsável
pela denúncia na primeira instância, disse que não cabe recurso à decisão do juiz. Mas
lembrou que a família pode
procurá-lo com novas provas.
O advogado de Santos, Jango
Oliveira, diz que, apesar da decisão favorável, fica o estigma
para sua cliente, principalmente porque ela ficou presa por
mais de seis meses (de setembro de 2005 a março de 2006).
Segundo o advogado, depois
disso, ela teve dificuldades para
conseguir emprego e hoje sobrevive com a ajuda dos filhos.
Os pais do bebê procuraram a
polícia em agosto de 2005,
quando sua filha foi internada
com infecção intestinal.
Desconfiados do cheiro de
água sanitária na garrafa térmica em que ficava a água usada
no preparo do leite, os pais instalaram uma câmera na cozinha. Na fita, a empregada aparece fervendo a água, saindo da
cozinha com a panela e depois
voltando à cozinha e levando a
água para outro lugar.
A empregada disse que usava
água sanitária apenas para lavar a mamadeira do bebê, como
havia recomendado a patroa.
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