São Paulo, segunda-feira, 11 de julho de 2011

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Mesas funcionam como salas de cinema

JOSÉLIA AGUIAR
ENVIADA ESPECIAL A PARATY

Imagine a Flip como um evento de cinema. Algumas mesas passam blockbusters. Que podem ser ótimos, apesar de blockbusters. São sucesso de público, que ri, chora, reage, critica.
Em outras mesas, se assiste a filme europeu. Às vezes, está em cartaz até um tailandês de nome impronunciável que a crítica adora. Para gostar, é preciso algum tipo de conhecimento, interesse ou, no mínimo, vocação.
João Ubaldo Ribeiro, valter hugo mãe e James Ellroy são os blockbusters desta Flip. Humor, empatia ou irreverência, às vezes juntos e em doses elevadas, costumam caracterizar mesas como as suas.
Caryl Phillips, Péter Esterházy e Emmanuel Carrère são alguns dos escritores que fazem parte do outro bloco, o que exige um pouco mais de quem os assiste.
Menos conhecidos, esses autores protagonizam mesas mais literárias, em tons quase sempre minimalistas.
Não se pode obviamente julgar um ficcionista pelo que é capaz de fazer diante de uma plateia. Ressalte-se: aqui se trata de um espetáculo, não de livros.
No mais, quem sabe quantos leram ou vão ler os autores a que assistiram? De Ubaldo ou Esterházy?
Uma boa mesa numa festa literária será aquela que levará o espectador a correr para comprar a obra de quem acabou de assistir.
Mas eis que no palco há também um mediador. Alguém para ajudar o autor a dizer e a plateia, a compreender. Similarmente, na sala de aula, há um professor, e, no jornal ou na academia, um crítico.
Se um mediador se sai bem, ajuda o espectador a se aproximar do escritor. Quando executa mal seu papel, faz como aquele professor ou crítico que leva tanta gente a detestar literatura.
Não deixa de ser simbólico que tenha sido o nosso mais célebre professor e crítico literário, Antonio Candido, 93, quem nos deu na abertura desta Flip a melhor lição de como se sair bem como mediador, ao tratar de Oswald de Andrade.


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