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Operadora de celular Claro lucra com serviço de trote
Entre os temas estão "Gringo", "Gay" e "Surdo"
DIÓGENES MUNIZ
EDITOR DE INFORMÁTICA DA
FOLHA ONLINE
A Claro está oferecendo um
novo serviço: o trote. Basta
mandar um torpedo para a operadora, ao custo de R$ 0,95, e
informar o alvo. A vítima pode
ser de telefone móvel ou fixo.
São 25 opções de pegadinhas
-"Gringo", "Gay", "Surdo" e
"Argentino" são algumas delas.
As pilhérias são todas gravadas
e exploram estereótipos.
No perfil "Gay", por exemplo,
um homem forçando sotaque
nordestino diz: "Desde que eu
te vi na academia puxando uns
ferros, perdi o ar. Só de pensar
fico toda molhada... de suor".
No final da ligação, o número
do remetente do trote é informado ao alvo da brincadeira.
"O "Claro Me Liga" é uma maneira divertida de sair de uma
roubada ou de colocar os seus
amigos em uma", diz a empresa
no site www.claro.com.br.
Questionada pela reportagem sobre o teor politicamente
incorreto do produto, a companhia alega, em nota, que "não
quis desrespeitar a sociedade".
"A Claro esclarece que a mensagem do "Claro Me Liga" não é
um trote, mas sim um serviço
bem-humorado."
Após negar que o serviço seja
trote, a Claro tirou de seu portal, à tarde, a seção com os áudios de cada perfil.
O universitário Ravi Santana, 26, foi avisado pela Claro do
serviço. "Achei que aquilo [a ligação da Claro], sim, fosse trote. Não só é um serviço inútil,
como de extremo mau gosto."
O Ministério Público de São
Paulo e o Procon-SP (Fundação de Proteção e Defesa do
Consumidor) disseram ontem
que irão analisar a legalidade
do novo serviço da operadora.
"O serviço não está de acordo
com a legislação e, portanto,
não poderia ser disponibilizado pela empresa. O trote, vindo
de uma companhia, pode ser
configurado crime contra a
honra", disse José Luiz Bednarski, promotor de Justiça do
Centro de Apoio das Promotorias do Consumidor. Segundo
ele, a Promotoria pode instaurar um inquérito civil para investigar o serviço prestado.
Já o Procon disse que o material no site da Claro será analisado. Disse, ainda, que usuários que se sentirem prejudicados podem procurar a Justiça.
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