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Apenas 10% dos mestrados e doutorados têm nível europeu
219 programas são equiparáveis a de universidades como Sorbonne, na França
Ao mesmo tempo, 81
correm o risco de serem
fechados, de acordo com
a avaliação de 2.266
pós-graduações do país
ANGELA PINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Brasil tem 219 programas
de mestrado e doutorado, ou
9,7% do total, considerados do
mesmo nível dos grandes centros internacionais. Ao mesmo
tempo, 3,5% deles (81) correm
o risco de serem fechados.
A avaliação trienal dos programas de pós-graduação foi
divulgada ontem pela Capes
(Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). Foram examinados os
2.266 existentes até 2006.
Os 81 programas de pós-graduação ameaçados são os que
tiveram notas um e dois -de
uma escala de um a sete. Eles
poderão ser descredenciados
pela Capes -não poderão mais
receber alunos, em caso de recusa a possíveis recursos. Outros dez mal avaliados já se fundiram com outros ou se desmembraram desde 2004.
Os programas considerados
equiparáveis a centros de referência internacional -foram
citados como exemplos Harvard (Estados Unidos) e Sorbonne (França)- são aqueles
que obtiveram notas seis e sete.
Apenas programas com curso de doutorado podem ter nota acima de cinco. No caso do
mestrado, a nota cinco já é considerada de excelente nível.
A Capes faz essa avaliação
desde 1976. Em 2001, 4,3% dos
programas foram descredenciados. Em 2004, 2%. Entre os
melhores programas, houve
uma redução em relação ao último levantamento da entidade
-de 11% para 9,7%.
Neste ano, nenhum dos programas é da área de ciências sociais aplicadas, que abrange direito, economia, administração
e comunicação social. A maior
parte -ou 39- é da área de
ciências biológicas.
Na opinião do filósofo Renato Janine Ribeiro, diretor de
avaliação da Capes, a queda do
percentual de programas de excelência acontece devido a um
"aumento das exigências" dos
avaliadores, e não a uma queda
da qualidade.
O ex-reitor da USP e consultor em ensino superior Roberto
Lobo afirma acreditar que ainda são poucos os programas de
pós-graduação de alto nível no
país. "Temos uma pressão muito grande para a formação de
mestres e doutores, mas é preciso que haja mais cursos de excelência no país."
Critérios
Para fazer a avaliação dos
programas de pós-graduação, a
Capes utiliza critérios como a
infra-estrutura do curso, a titulação do corpo docente, a produção científica (artigos e livros publicados) e citações de
pesquisas em publicações.
Os programas com notas seis
e sete passam a receber financiamento direto da Capes.
Dos 219 melhores programas, 78% estão no Sudeste. O
Estado de São Paulo concentra
a maior parte, 108 (49%). Depois, vêm Rio (19,6%) e Rio
Grande do Sul (10,5%).
Não por acaso, são paulistas
as instituições que lideram dois
rankings que podem ser feitos a
partir dos resultados da Capes.
A Unicamp tem a maior nota
média de todas as instituições,
considerados todos os programas de pós-graduação -5,11, o
que a coloca no patamar de "alto nível de desempenho". Seguem-na nesse ranking a Fundação Getúlio Vargas, em suas sedes no Rio de Janeiro e em
São Paulo, com melhor desempenho entre as instituições
particulares. Já a USP é a instituição com mais cursos com
notas seis e sete.
Ao divulgar os dados do levantamento, o ministro da
Educação, Fernando Haddad,
disse que falta uma "cultura de
inovação" nas empresas brasileiras, que inibiria o investimento privado no setor.
Colaborou MARINA GAZZONI
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