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foco
No teste do microvestido, atriz vai a faculdades, irrita garotas e intimida rapazes
DA REPORTAGEM LOCAL
No cara a cara, a resposta
para "onde é o banheiro?" é
bastante cordial. "Vire à esquerda, depois daquela coluna", explica um estudante de
direito da USP (Universidade
de São Paulo), no largo São
Francisco (na região central
de SP).
Mas é só a moça de vestido
curto virar as costas para o jovem sussurrar entre os amigos: "Puta! Puta! Puta!".
A cena aconteceu na manhã
de ontem, quando a atriz Fábia Gouvêa, 35, visitou quatro
faculdades a convite da Folha,
trajando um vestido provocante -curto nas pernas e
com tecido fino, que evidenciava a ausência de sutiã.
Em todas elas (FMU, Universidade Ibirapuera, Pontifícia Universidade Católica e
Universidade de São Paulo),
pipocaram piadinhas (discretas e à distância) em referência ao já manjado caso de
Geisy Arruda, 20, aluna de turismo hostilizada na Uniban
quando foi à aula em microvestido, no fim de outubro.
"Xiii, só pode ser aluna da
Uniban", ironizou uma garota
na PUC, referindo-se ao caso
da garota Geisy Arruda.
Na FMU, Fábia pergunta
sobre a qualidade dos cursos a
uma turma na cantina. "Eles
foram atenciosos, falaram
bem da faculdade", relata.
Mas foi só ela sair dali para
uma das alunas fulminar...
"Gente, ela deve ter vindo
prospectar freguesia", diz
uma aluna. Todos riem.
Não que os olhares tortos
só tenham vindo pelas costas.
"Os caras ficaram mais intimidados, olham discretamente. Mas muitas meninas me
encararam feio, me mediram", relata.
Um pouco mais à frente,
mais tensão -três garotas
olham a atriz, que responde
com o olhar. De novo, é só virar as costas para começarem
os comentários. "Isso é roupa
de vir à faculdade?"
No largo São Francisco, um
cartaz com referência ao caso
Uniban é assinado pelo
"P.U.T.A. - Partido Ultra Tradicionalista das Arcadas". Ele
convoca "todas as franciscanas a virem de minivestido" e
diz lutar pelo "direito feminino de frequentar a faculdade
(...) até mesmo sem roupa".
Um segurança, ao perceber
a presença do fotógrafo em direção à moça, a aborda e a
orienta: "Você não pode fotografar aqui, mas pode vir com
a roupa que quiser. Tem meninas com vestidos muito piores que o seu".
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