São Paulo, quarta-feira, 11 de novembro de 2009

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Centralizador, reitor tentou a carreira política

RICARDO WESTIN
DA REPORTAGEM LOCAL

Nenhuma decisão importante é tomada na Uniban sem passar pelo crivo expresso de Heitor Pinto Filho. Aos 63 anos, ele é fundador, dono e reitor da universidade, além de presidente da entidade mantenedora da instituição.
A centralização natural das empresas de origem familiar é ainda mais acentuada na Uniban. Ao contrário de outras universidades, ela não tem pró-reitores (de graduação, de pós-graduação e de pesquisa, por exemplo).
O papel que caberia aos pró-reitores é diluído entre diversos conselhos. Um deles é presidido pelo próprio Pinto Filho.
O reitor não gosta de usar a internet, segundo pessoas que trabalham e trabalharam com ele -o computador em sua mesa poucas vezes é ligado. Prefere comunicar-se por escrito e por telefone.
Por outro lado, Pinto Filho gosta de ser chamado de "doutor". É assim que ele se apresenta na página da Uniban. O reitor, entretanto, não tem doutorado. É formado em direito pela PUC-SP.
Pinto Filho costuma chegar à sede da Uniban, no Morumbi (zona oeste), apenas à tarde, ficando até perto da meia-noite.
Ele nasceu numa família de classe média de São Paulo. Seu avô e seu pai já se dedicavam à educação. De acordo com a Uniban, o avô fundou no início do século passado, em Santana (zona norte), o primeiro colégio privado de São Paulo, o Buenos Aires (hoje Padre Antonio Vieira).
Nos anos 70, Pinto Filho adquiriu sua própria escola. Na década seguinte, começou a comprar faculdades. Da unificação de quatro instituições surgiu o Centro de Ensino Unificado Bandeirante, que mais tarde ganharia o status de universidade e se transformaria na atual Uniban.
O reitor tentou, sem sucesso, fazer carreira política. Nos anos 80, seus planos de ser deputado constituinte não decolaram. No final dos 90, foi suplente na candidatura ao Senado do ex-jogador de basquete Oscar. Em 2002, foi o vice na chapa de Paulo Maluf na disputa eleitoral pelo governo do Estado de São Paulo.
A amizade com Maluf acabou após a campanha. Pinto Filho deixou o PPB (atual PP). Um dos estopins foi o fato de a família do ex-prefeito de São Paulo ter vendido à concorrente UniNove um terreno na Liberdade (centro) cobiçado pela Uniban.


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