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EDUCAÇÃO
5.000 ações tentam pôr
menor de 7 anos na 1ª série
MARTA AVANCINI
da Reportagem Local
Estão sendo analisados, no Estado de São Paulo, cerca de 5.000 pedidos de liminar contra a resolução da Secretaria de Estado da
Educação que impede a matrícula
de crianças que fazem 7 anos após
30 de junho na 1ª série das escolas
da rede estadual. A estimativa é da
Promotoria da Infância e da Juventude de São Paulo.
A resolução, em vigor desde 96,
contraria o Plano Nacional de
Educação, que prevê a antecipação
do início do ensino fundamental
para 6 anos. O plano foi apresentado ao Congresso no ano passado,
mas ainda não foi votado e deverá
entrar em vigor em cinco anos.
Mais do que polêmica em torno
da legalidade, a resolução tem por
consequência deixar fora das salas
de aula crianças alfabetizadas ou
semi-alfabetizadas e que já passaram pela pré-escola.
Isso ocorre nos casos em que os
pais não têm condições de pagar
uma escola particular ou que não
encontram vaga na rede municipal
(leia texto nesta página).
A resolução contraria ainda a
disposição de algumas escolas de
atender essas crianças. Este é o caso da escola Marina Cerqueira Cesar, em São Paulo, que estava
montando uma classe para esses
alunos apoiando-se em uma liminar que acabou sendo suspensa.
"Temos de acatar a ordem. Mesmo que existam vagas, não é possível montar salas", diz Suely Natali
Pacheco, delegada da 12ª Delegacia
de Ensino de São Paulo.
"Além de ilegal, essa medida é
de uma crueldade inominável",
diz promotor da Infância e da Juventude, Maurício Antonio Ribeiro Lopes, responsável por cem
mandados de segurança que estão
sendo analisados pela Vara da Infância e da Juventude do Fórum de
Pinheiros, em São Paulo.
A ilegalidade da medida se apóia
em dois artigos da Constituição, o
206 e o 208, segundo o advogado
Adib Salomão, especializado em
educação. Os artigos prevêem a
igualdade de condições de acesso e
permanência na escola, assim como o dever do Estado de garantir o
ensino fundamental.
Para o ministro da Educação,
Paulo Renato Souza, trata-se de
um problema de orientação. "É
preciso dar prioridade às crianças
de 7 a 14 anos, mas, defendo a idéia
de que nós devamos antecipar a escolaridade para fazê-la de nove
anos a partir dos 6 anos", diz.
A Folha entrou em contato com
a Secretaria de Estado da Educação, mas não obteve resposta.
Colaboraram Fernando Rossetti, da Reportagem
Local, e Eunice Nunes, especial para a Folha
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