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Varrição é ponta de iceberg, diz promotor
da Reportagem Local
A empreiteira diz que varreu toda a cidade, diz que coletou toneladas e toneladas de lixo, que fez o
trajeto mais curto, alojou tudo como manda o figurino e aproveitou ao máximo materiais recicláveis. A prefeitura acredita e paga.
No roteiro sugerido pelas dezenas de auditorias feitas pelo TCM,
as fraudes na coleta e varrição são
apenas o primeiro capítulo de
uma longa novela. É o que acredita o promotor de Justiça Fernando Capez, responsável pela investigação no Ministério Público.
"Esses contratos são a ponta do
iceberg. Mas ainda temos muito o
que investigar", afirma Capez,
confirmando que as próximas fases do sistema de limpeza já estão
na mira da promotoria.
Capez se refere às equipes de
limpeza de córregos, aos transbordos, às usinas de compostagem, aos aterros sanitários, aos
depósitos de entulho, aos resíduos de saúde -serviços que
juntos consomem o dobro do que
é gasto com coleta e varrição.
As auditorias do TCM publicadas pela Folha em maio passado
apontam mais de duas dezenas de
irregularidades nessas fases do
sistema. Em todas, as fraudes parecem pegar carona na falta de fiscalização, cronicamente deficiente, segundo os auditores.
Nos transbordos, por exemplo,
pátios onde o lixo é transferido
dos caminhões para carretas
maiores para seguir para o aterro,
as investigações apontam que o
material transportado tem densidade incompatível com a do lixo.
Ou seja: a pesagem foi aumentada
artificialmente, elevando consigo
o lucro das empresas.
Não é só. Nos transbordos e nos
aterros, segundo o TCM, as empresas utilizam equipamentos
com mais de cinco anos, o que
contraria os contratos e garante
que elas recebam mais dinheiro
do que gastam com manutenção.
Há ainda constatações de que as
empresas mantêm menos funcionários do que o previsto nos serviços de limpeza, gastam menos
do que declaram com reposição
de peças, não fazem obras contratadas (e pagas) e reciclam mal
-tudo isso gerando economia
que não é repassada aos cofres
públicos.
(SC e MCC)
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