São Paulo, Quarta-feira, 12 de Janeiro de 2000


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Varrição é ponta de iceberg, diz promotor

da Reportagem Local

A empreiteira diz que varreu toda a cidade, diz que coletou toneladas e toneladas de lixo, que fez o trajeto mais curto, alojou tudo como manda o figurino e aproveitou ao máximo materiais recicláveis. A prefeitura acredita e paga.
No roteiro sugerido pelas dezenas de auditorias feitas pelo TCM, as fraudes na coleta e varrição são apenas o primeiro capítulo de uma longa novela. É o que acredita o promotor de Justiça Fernando Capez, responsável pela investigação no Ministério Público.
"Esses contratos são a ponta do iceberg. Mas ainda temos muito o que investigar", afirma Capez, confirmando que as próximas fases do sistema de limpeza já estão na mira da promotoria.
Capez se refere às equipes de limpeza de córregos, aos transbordos, às usinas de compostagem, aos aterros sanitários, aos depósitos de entulho, aos resíduos de saúde -serviços que juntos consomem o dobro do que é gasto com coleta e varrição.
As auditorias do TCM publicadas pela Folha em maio passado apontam mais de duas dezenas de irregularidades nessas fases do sistema. Em todas, as fraudes parecem pegar carona na falta de fiscalização, cronicamente deficiente, segundo os auditores.
Nos transbordos, por exemplo, pátios onde o lixo é transferido dos caminhões para carretas maiores para seguir para o aterro, as investigações apontam que o material transportado tem densidade incompatível com a do lixo. Ou seja: a pesagem foi aumentada artificialmente, elevando consigo o lucro das empresas.
Não é só. Nos transbordos e nos aterros, segundo o TCM, as empresas utilizam equipamentos com mais de cinco anos, o que contraria os contratos e garante que elas recebam mais dinheiro do que gastam com manutenção.
Há ainda constatações de que as empresas mantêm menos funcionários do que o previsto nos serviços de limpeza, gastam menos do que declaram com reposição de peças, não fazem obras contratadas (e pagas) e reciclam mal -tudo isso gerando economia que não é repassada aos cofres públicos. (SC e MCC)


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