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MÍDIA
Jornalista português foi, no exílio, editorialista e um dos editores da Folha
Victor Cunha Rego morre aos 66
da Reportagem Local
Morreu segunda-feira em Lisboa, aos 66 anos, vitimado por
câncer, o jornalista, ensaísta, diplomata e dirigente socialista português Victor Cunha Rego.
Ele fez parte de uma geração de
intelectuais de erudição política e
literária que se destacou, a partir
da queda da ditadura portuguesa,
em 1974, por múltiplas atividades
no setor público e na mídia.
Exilado no Brasil aos 25 anos,
Cunha Rego foi, entre 1969 e 1973,
responsável pela seção de assuntos internacionais e editorialista
da Folha. Anteriormente, também como jornalista, trabalhou
nos jornais "O Estado de S. Paulo"
e "Última Hora".
Em Portugal, dirigiu as redações dos jornais "Diário de Notícias" (1975-1976) e "A Tarde"
(1981-1982) e a do "Semanário"
(1983-1982), veículo do qual foi o
criador. Tornou-se colunista do
"Diário de Notícias" em 1992,
função interrompida no ano passado em razão da doença.
Uma coletânea de suas crônicas
foi recentemente publicada em
Lisboa pela editora Contexto, sob
o título "Os Dias de Amanhã". Em
estilo conciso e elegante, o autor
faz a crítica do conformismo político e cultural em um mundo que,
segundo ele, tende, com a globalização, ao hedonismo e à mediocridade de valores.
Cunha Rego pertenceu na juventude a organizações extremistas de oposição ao salazarismo,
como o Diretório Revolucionário
Ibérico de Libertação. Foi em seguida militante da Resistência Republicana e Socialista, tendo sido
um dos fundadores da Ação Socialista Portuguesa. Tornou-se
um dos principais colaboradores
de Mário Soares -depois primeiro-ministro e presidente da República- desde a criação, em 1973,
do Partido Socialista.
Com o fim do período em que,
após a chamada Revolução dos
Cravos, o poder esteve na prática
em mãos de oficiais marxistas do
MFA (Movimento das Forças Armadas), Cunha Rego é nomeado
por Soares secretário de Estado
Adjunto (1976-1977) e em seguida
embaixador de Portugal na Espanha (1977-1980). Foi também, em
1980, presidente da RTP (Rádio e
Televisão Portuguesa).
Incursionou esporadicamente
pelo cinema, com o argumento de
"Meninos do Tietê", rodado no
Brasil em 1962, e com o roteiro de
"Francisco Sá Carneiro", produzido pela RTP em 1981.
Seus amigos guardam dele a
lembrança do porte aristocrático,
enérgico em suas posições e afável
no trato pessoal.
Deixa os filhos Victor, 38, e André, 36, de seu casamento com a
jornalista brasileira Yvonne Felman.
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