São Paulo, Quarta-feira, 12 de Janeiro de 2000


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MÍDIA
Jornalista português foi, no exílio, editorialista e um dos editores da Folha
Victor Cunha Rego morre aos 66

da Reportagem Local

Morreu segunda-feira em Lisboa, aos 66 anos, vitimado por câncer, o jornalista, ensaísta, diplomata e dirigente socialista português Victor Cunha Rego.
Ele fez parte de uma geração de intelectuais de erudição política e literária que se destacou, a partir da queda da ditadura portuguesa, em 1974, por múltiplas atividades no setor público e na mídia.
Exilado no Brasil aos 25 anos, Cunha Rego foi, entre 1969 e 1973, responsável pela seção de assuntos internacionais e editorialista da Folha. Anteriormente, também como jornalista, trabalhou nos jornais "O Estado de S. Paulo" e "Última Hora".
Em Portugal, dirigiu as redações dos jornais "Diário de Notícias" (1975-1976) e "A Tarde" (1981-1982) e a do "Semanário" (1983-1982), veículo do qual foi o criador. Tornou-se colunista do "Diário de Notícias" em 1992, função interrompida no ano passado em razão da doença.
Uma coletânea de suas crônicas foi recentemente publicada em Lisboa pela editora Contexto, sob o título "Os Dias de Amanhã". Em estilo conciso e elegante, o autor faz a crítica do conformismo político e cultural em um mundo que, segundo ele, tende, com a globalização, ao hedonismo e à mediocridade de valores.
Cunha Rego pertenceu na juventude a organizações extremistas de oposição ao salazarismo, como o Diretório Revolucionário Ibérico de Libertação. Foi em seguida militante da Resistência Republicana e Socialista, tendo sido um dos fundadores da Ação Socialista Portuguesa. Tornou-se um dos principais colaboradores de Mário Soares -depois primeiro-ministro e presidente da República- desde a criação, em 1973, do Partido Socialista.
Com o fim do período em que, após a chamada Revolução dos Cravos, o poder esteve na prática em mãos de oficiais marxistas do MFA (Movimento das Forças Armadas), Cunha Rego é nomeado por Soares secretário de Estado Adjunto (1976-1977) e em seguida embaixador de Portugal na Espanha (1977-1980). Foi também, em 1980, presidente da RTP (Rádio e Televisão Portuguesa).
Incursionou esporadicamente pelo cinema, com o argumento de "Meninos do Tietê", rodado no Brasil em 1962, e com o roteiro de "Francisco Sá Carneiro", produzido pela RTP em 1981.
Seus amigos guardam dele a lembrança do porte aristocrático, enérgico em suas posições e afável no trato pessoal.
Deixa os filhos Victor, 38, e André, 36, de seu casamento com a jornalista brasileira Yvonne Felman.



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