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MÁFIA DO DETRAN
Segundo investigação do Ministério Público, quatro policiais também integravam o esquema
Promotoria denuncia 29 por corrupção
LILIAN CHRISTOFOLETTI
da Reportagem Local
O Ministério Público de São
Paulo denunciou ontem 29 pessoas suspeitas de envolvimento
em falsificação de documentos de
veículos no Detran (Departamento Estadual de Trânsito). Quatro
dos denunciados são policiais.
O esquema, conhecido como
"máfia do Detran", está sendo investigado há três meses por promotores e delegados, e resultou
na prisão de 20 pessoas, entre funcionários do órgão estadual, despachantes e policiais.
Das 29 pessoas denunciadas em
duas ações diferentes, 17 são os
"zangões" - pessoas que exercem
irregularmente a função do despachante por meio de documentos falsos e cobrança de propina.
A primeira denúncia envolve
um esquema de corrupção entre
despachantes, policiais e cartorários de São Paulo. O caso está sendo investigado desde novembro
de 95, mas o inquérito policial só
foi concluído há três meses.
Segundo a promotoria, Luiz Ricardo Gonçalves, conhecido como "Marcha Lenta", era contratado por despachantes, policiais e
por "zangões" para falsificar assinaturas e declarações e para adulterar o reconhecimento de firmas.
Na prática, a transferência de
um veículo era feita por meio de
documentos falsos do antigo proprietário, fraudando sua firma reconhecida em cartório.
A documentação era entregue
ao Detran, que oficializava a
transferência.
Pelo serviço de falsificação de
documentos, Gonçalves, segundo
investigação do Ministério Público, recebia cerca de R$ 5 por documento adulterado.
Corrupção
A segunda denúncia, oferecida
ontem pelo Ministério Público,
cita seis pessoas e envolve um esquema direto de corrupção e falsificação de documentos de veículos dentro do próprio Detran.
Segundo o promotor de Justiça
Roberto Porto, o funcionário do
posto avançado do Detran, localizado no shopping Ibirapuera,
Marco Antonio Carneiro, aceitava propina de cinco "zangões" para "apagar" multas e IPVA.
"Esse funcionário e os "zangões"
agiam como uma quadrilha", disse o promotor Porto.
Carneiro, segundo o promotor,
falsificava a autenticação mecânica feita pelo banco, comprovando
o pagamento do seguro, de multas e do IPVA do veículo.
Com a guia preenchida e a autenticação bancária falsa, o carro
era licenciado pelo Detran.
A irregularidade é praticada
quando um veículo é licenciado
sem o pagamento de multas pendentes. Por meio de propina, os
débitos são "apagados" do sistema do Detran.
O funcionário do departamento
e Gonçalves negaram à polícia
qualquer envolvimento em irregularidades.
Como os 29 denunciados não
foram ouvidos pelo Ministério
Público de São Paulo, isso só
acontecerá na Justiça.
A assessoria de imprensa do
Detran foi procurada na tarde de
ontem, mas não foi localizada até
as 19h30.
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