São Paulo, Quarta-feira, 12 de Janeiro de 2000


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MÁFIA DO DETRAN
Segundo investigação do Ministério Público, quatro policiais também integravam o esquema
Promotoria denuncia 29 por corrupção

LILIAN CHRISTOFOLETTI
da Reportagem Local

O Ministério Público de São Paulo denunciou ontem 29 pessoas suspeitas de envolvimento em falsificação de documentos de veículos no Detran (Departamento Estadual de Trânsito). Quatro dos denunciados são policiais.
O esquema, conhecido como "máfia do Detran", está sendo investigado há três meses por promotores e delegados, e resultou na prisão de 20 pessoas, entre funcionários do órgão estadual, despachantes e policiais.
Das 29 pessoas denunciadas em duas ações diferentes, 17 são os "zangões" - pessoas que exercem irregularmente a função do despachante por meio de documentos falsos e cobrança de propina.
A primeira denúncia envolve um esquema de corrupção entre despachantes, policiais e cartorários de São Paulo. O caso está sendo investigado desde novembro de 95, mas o inquérito policial só foi concluído há três meses.
Segundo a promotoria, Luiz Ricardo Gonçalves, conhecido como "Marcha Lenta", era contratado por despachantes, policiais e por "zangões" para falsificar assinaturas e declarações e para adulterar o reconhecimento de firmas.
Na prática, a transferência de um veículo era feita por meio de documentos falsos do antigo proprietário, fraudando sua firma reconhecida em cartório.
A documentação era entregue ao Detran, que oficializava a transferência.
Pelo serviço de falsificação de documentos, Gonçalves, segundo investigação do Ministério Público, recebia cerca de R$ 5 por documento adulterado.

Corrupção
A segunda denúncia, oferecida ontem pelo Ministério Público, cita seis pessoas e envolve um esquema direto de corrupção e falsificação de documentos de veículos dentro do próprio Detran.
Segundo o promotor de Justiça Roberto Porto, o funcionário do posto avançado do Detran, localizado no shopping Ibirapuera, Marco Antonio Carneiro, aceitava propina de cinco "zangões" para "apagar" multas e IPVA.
"Esse funcionário e os "zangões" agiam como uma quadrilha", disse o promotor Porto.
Carneiro, segundo o promotor, falsificava a autenticação mecânica feita pelo banco, comprovando o pagamento do seguro, de multas e do IPVA do veículo.
Com a guia preenchida e a autenticação bancária falsa, o carro era licenciado pelo Detran.
A irregularidade é praticada quando um veículo é licenciado sem o pagamento de multas pendentes. Por meio de propina, os débitos são "apagados" do sistema do Detran.
O funcionário do departamento e Gonçalves negaram à polícia qualquer envolvimento em irregularidades.
Como os 29 denunciados não foram ouvidos pelo Ministério Público de São Paulo, isso só acontecerá na Justiça.
A assessoria de imprensa do Detran foi procurada na tarde de ontem, mas não foi localizada até as 19h30.


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