São Paulo, quarta-feira, 12 de janeiro de 2005

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VERÃO

Grupos de Carnaval temem multidão e buscam reduzir número de foliões; patrocínios causam preocupação

Blocos cariocas querem alegria sem gigantismo

LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO

Quando foi pela primeira vez às ruas de Ipanema, em 1985, o Simpatia É Quase Amor não atraiu mais do que 300 pessoas. O Carmelitas, segundo brinca um de seus fundadores, devia ser um amontoado de 25 foliões ao debutar em Santa Teresa, em 1990.
Hoje, os dois blocos, e muitos outros, arrastam milhares de pessoas no Carnaval carioca e enfrentam um problema inimaginável há 20 anos: o gigantismo.
Responsáveis pela revitalização do Carnaval de rua carioca, os blocos lutam para manter a alegria e a descontração, e para dar conta do aumento de tamanho escoram-se em patrocínios, seguranças e maior organização.
"O tempo é que vai dizer o que deve acontecer. Nós somos um bloco de rua, não podemos impedir ninguém de vir", afirma o arquiteto Paulo Saad, 50, um dos criadores do Carmelitas e hoje presidente da Sebastiana.
Nostálgicos dos primeiros anos, moradores querem que o Carmelitas busque formas de encolher. "Não há como fechar o bairro, mas eu gosto do clima amador dos blocos, da improvisação. Quando vejo patrocínio, fico até assustado", diz o cineasta Paulo Halm, 42. Desde o ano passado, uma empresa de telefonia patrocina os afiliados do Sebastiana. A associação não revela o valor, mas afirma que ele é apenas um apoio à infra-estrutura dos blocos, cada vez mais cara em razão da superpopulação de foliões.
"Para não haver tanta concentração de gente em alguns blocos, a solução é ter um em cada esquina", anseia Paulo Saad.
O Suvaco do Cristo, bloco que sai desde 1986 pelas ruas do Jardim Botânico, não divulga mais o horário em que vai desfilar no domingo pré-Carnaval numa tentativa de driblar a multidão.


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