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VERÃO
Grupos de Carnaval temem multidão e buscam reduzir número de foliões; patrocínios causam preocupação
Blocos cariocas querem alegria sem gigantismo
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
Quando foi pela primeira vez às
ruas de Ipanema, em 1985, o Simpatia É Quase Amor não atraiu
mais do que 300 pessoas. O Carmelitas, segundo brinca um de
seus fundadores, devia ser um
amontoado de 25 foliões ao debutar em Santa Teresa, em 1990.
Hoje, os dois blocos, e muitos
outros, arrastam milhares de pessoas no Carnaval carioca e enfrentam um problema inimaginável
há 20 anos: o gigantismo.
Responsáveis pela revitalização
do Carnaval de rua carioca, os
blocos lutam para manter a alegria e a descontração, e para dar
conta do aumento de tamanho escoram-se em patrocínios, seguranças e maior organização.
"O tempo é que vai dizer o que
deve acontecer. Nós somos um
bloco de rua, não podemos impedir ninguém de vir", afirma o arquiteto Paulo Saad, 50, um dos
criadores do Carmelitas e hoje
presidente da Sebastiana.
Nostálgicos dos primeiros anos,
moradores querem que o Carmelitas busque formas de encolher.
"Não há como fechar o bairro,
mas eu gosto do clima amador
dos blocos, da improvisação.
Quando vejo patrocínio, fico até
assustado", diz o cineasta Paulo
Halm, 42. Desde o ano passado,
uma empresa de telefonia patrocina os afiliados do Sebastiana. A
associação não revela o valor, mas
afirma que ele é apenas um apoio
à infra-estrutura dos blocos, cada
vez mais cara em razão da superpopulação de foliões.
"Para não haver tanta concentração de gente em alguns blocos,
a solução é ter um em cada esquina", anseia Paulo Saad.
O Suvaco do Cristo, bloco que
sai desde 1986 pelas ruas do Jardim Botânico, não divulga mais o
horário em que vai desfilar no domingo pré-Carnaval numa tentativa de driblar a multidão.
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