|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TRANSPORTE SOB TENSÃO
Condutores param pela primeira vez na gestão Serra; motoristas de lotação "acampam" em secretaria
SP tem greve de ônibus e ameaça de perueiro
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo José Serra (PSDB)
enfrentou ontem sua primeira
greve de ônibus e intensificou os
enfrentamentos com os perueiros, que prometiam a interrupção
parcial dos serviços e ameaçavam
passar a madrugada no prédio da
Secretaria dos Transportes, em
protesto contra a falta de pagamento das viagens gratuitas permitidas pelo bilhete único. Mais
de dez líderes permaneciam
"acampados" no edifício às 23h.
As turbulências, segundo os
operadores do sistema, devem ser
a justificativa oficial para embasar
a alta da tarifa dos coletivos.
A paralisação dos ônibus se deu
na divisa das zonas sul e leste, na
área sob responsabilidade do consórcio Via Sul, controlado pela família do maior empresário do setor na capital paulista, José Ruas
Vaz. Motoristas e cobradores recolheram às garagens 380 veículos a partir das 11h, em razão da
falta de pagamento dos salários,
que ocorre no dia 5 de cada mês.
Mais de 190 mil passageiros, de
37 linhas, foram prejudicados,
apesar do plano emergencial implantado com a frota de outras
viações, totalizando 235 ônibus.
Os salários foram depositados
ontem à noite e os ônibus devem
voltar a operar hoje. Mas a situação está longe de ser normalizada.
Empresários dizem que a demora
para pagamento se deve aos atrasos da gestão anterior. A Folha
apurou que eles receberam ontem
pelos passageiros de 17 de dezembro, quando os contratos prevêem até cinco dias para repasses.
Os atrasos no pagamento de salários e as paralisações dos condutores retomam um problema
controlado nos últimos 18 meses
da gestão Marta Suplicy (PT).
Já a situação dos perueiros, que
fazem mais de 2 milhões de viagem por dia, tende a se agravar
hoje. Eles reivindicam R$ 24 milhões de subsídio e alegam que
não recebem nada pelas viagens
gratuitas do bilhete único -que
representam 30% do total.
Os presidentes das cooperativas
se reuniram ontem às 17h com
Ulrich Hoffmann, presidente da
SPTrans (empresa municipal),
que afirmou não haver recursos.
Segundo os perueiros, Hoffmann disse que a paralisação dos
serviços justificaria duas medidas:
a redução de 2.000 dos 6.500 motoristas de lotação autorizados a
operar e a elevação da tarifa de R$
1,70, congelada há dois anos.
Os líderes dos perueiros decidiram, então, que permaneceriam
dentro da sala de reuniões do prédio durante a madrugada, até que
houvesse nova posição de Serra.
Dizem que os serviços serão parcialmente interrompidos hoje por
falta de dinheiro para abastecer.
A liderança da Cooper Pam, que
atua na zona sul, informou ter iniciado ontem à noite um revezamento, com a operação de só 50%
de seus 1.413 microônibus, por
não ter como colocar diesel.
O advogado da Transcooper,
Bension Coslovsky, disse que entrará hoje com mandado de segurança na Justiça para cobrar a prefeitura pela remuneração das viagens gratuitas do bilhete único.
Texto Anterior: Estradas: Tamoios terá pedágio depois de duplicação Próximo Texto: Alckmin e Serra já programam alta da tarifa Índice
|