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Polícia é responsável por uma em cada cinco mortes por agressão
ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO
A polícia do Rio de Janeiro
foi a responsável por um em cada cinco casos de morte por
agressão no Estado no ano passado. De acordo com especialistas, o dado indica excesso de
força na atuação dos policiais
no combate à violência.
As mortes por agressão (ou
violência letal intencional) são
resultado da soma dos casos de
homicídio, latrocínio, lesão
corporal seguida de morte e auto de resistência -mortos em
supostos confrontos com a polícia, cujo número representa
18,5% das mortes por agressão.
Segundo o Cesec (Centro de
Estudos de Segurança e Cidadania), estudos internacionais
indicam que a participação tolerável das mortes provocadas
pela polícia no conjunto das
mortes por agressão é de 3%.
"Chegar a quase 20% é uma
desproporção gritante. Isso indica que há algo de muito errado na ação da polícia", disse a
coordenadora do Cesec, Sílvia
Ramos. Em São Paulo, a polícia
é responsável por 7,4% da violência letal intencional.
Segundo os dados do ISP
(Instituto de Segurança Pública do Rio), do governo estadual,
o número de mortos em confronto com a polícia no ano
passado foi o maior desde o início da contagem, em 1998. Foram 1.260 autos de resistências
em 2007 -sem contar as delegacias não-informatizadas
(31,5% do total). Analisando os
dados disponíveis do ano passado com os de 2006 (com todas as delegacias), o aumento
foi de 18,5%.
Comparando os dados consolidados até agosto de 2007
com o mesmo período de 2006,
houve queda nos homicídios
(1%), roubo a residência ( 7,5%)
e veículos (6,2%), mas aumento
no roubo a pedestres (27,3%).
"Isso indica um uso excessivo da força por parte da polícia.
A escala de abordagem do policial já está no ponto em que ele
chega atirando", disse Ramos.
O subsecretário de Planejamento e Integração Operacional da Secretaria de Segurança,
Roberto Sá, diz que o aumento
de mortos em supostos confrontos com a polícia é resultado do maior número de operações policiais. Para ele, não há
desproporção no uso da força.
"Qual Estado tem fuzil 7.62
perto da praia?", questiona.
"Está morrendo muita gente
porque os policiais felizmente
estão melhor treinados do que
esses caras que hoje têm até
treinamento de guerrilha, e
têm sido felizes ao se defender
e fazer um tiro mais qualificado", afirma.
Para ele, a topografia da favela provoca mais mortes em
confronto. "Não dá para mirar
uma perna quando se está sendo alvejado. Às vezes em um
beco aparece alguém atirando.
Por isso um tiro de perto não
quer dizer execução. Ao mesmo
tempo, um "sniper" [atirador]
do tráfico pode executar um
policial a 500 m de distância."
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