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Concurso para professor ainda não tem data
Apesar da promessa feita em junho de 2008 de que criaria 75 mil vagas, proposta ainda está em discussão no governo Serra
Secretaria diz que ainda
está dentro do prazo determinado pelo TRT, que mediou a greve dos docentes no ano passado
CONRADO CORSALETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Sete meses depois de anunciar que criaria 75 mil vagas para professores concursados na
rede estadual do ensino paulista, o governo José Serra (PSDB)
nem sequer enviou um projeto
de lei à Assembleia Legislativa
a fim de viabilizar a promessa.
O anúncio da contratação foi
feito pela secretária Maria Helena Guimarães de Castro no
dia 24 de junho de 2008 em entrevista à Folha. "Estamos encaminhando [à Assembleia]
um projeto para criar 70 mil
cargos efetivos de jornada reduzida de dez horas", disse.
A afirmação ocorreu em
meio a uma greve de professores que durou 20 dias entre junho e julho de 2008. A secretaria diz que a adesão ao movimento foi baixa e que a promessa não foi feita para atender ao pedido dos grevistas.
Em outubro daquele ano, a
secretaria oficializou o compromisso ao assinar acordo no
TRT (Tribunal Regional do
Trabalho), que mediou a greve,
e se comprometeu a enviar o
projeto à Assembleia e a começar a "ocupar as vagas a partir
de 2009." A secretaria afirma
estar dentro do prazo determinado pelo TRT e que o projeto
ainda está em discussão nas secretarias de Educação, Gestão
e na Casa Civil.
Dos cerca de 230 mil professores da rede estadual de ensino, apenas 130 mil prestaram
concurso público para exercerem suas funções. A última seleção do gênero realizada em
São Paulo ocorreu há dois anos,
com a abertura de 16 mil vagas.
Os demais professores, cerca
de 100 mil, têm contratos temporários. Na distribuição das
aulas, os concursados escolhem primeiro (escolas e horários). Aos temporários, restam
o que sobrar das aulas.
De acordo com o coordenador de pós-graduação da Faculdade de Educação da USP, Romualdo Portela de Oliveira, a
existência de uma grande
quantidade de profissionais
temporários na rede traz dois
grandes problemas para o sistema de ensino.
"Primeiro, os professores
não conseguem manter um
projeto de longo prazo e não
integram equipes pedagógicas
estáveis. O segundo problema é
que o concursado se submeteu
a um processo mais criterioso
de avaliação", diz ele.
Oliveira afirma que São Paulo tem tradição em manter um
número alto de profissionais
temporários na rede e atribui o
fato a uma falta de planejamento e a decisões políticas de seguidos governos. "Afinal, um
funcionário temporário custa
menos", diz o coordenador.
No acordo mediado pelo
TRT, o governo reiterou seu
compromisso de criar as 75 mil
vagas e, em troca, a Apeoesp
(sindicato dos professores)
aceitou a aplicação da prova de
classificação dos cerca de 100
mil profissionais temporários,
feita em 17 de dezembro.
O acordo, no entanto, desandou. Cerca de 1.500 professores que fizeram o teste tiraram
zero. O sindicato conseguiu
derrubar a prova na Justiça,
por não concordar que ela seja
usada como critério de classificação dos docentes na hora da
distribuição de aulas.
A Apeoesp defende que a seleção leve em conta a experiência do profissional em sala de
aula, e não só a bibliografia proposta. O governo afirma que insistirá em selecionar os docentes temporários por meio da
prova de dezembro.
"Essa provinha deveria servir não para avaliar os temporários, mas para efetivá-los, até
porque eles não têm nada de
temporários. Muitos estão nessa condição há 10, 20 anos", diz
o ex-presidente da Apeoesp,
Carlos Ramiro de Castro.
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