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Gestão Kassab dispensa 438 agentes de combate à dengue
São 18% do total de 2.400 agentes responsáveis pelo combate à doença na cidade
A medida ocorre no período de chuvas, em que é maior o risco de proliferação da dengue; prefeitura diz que decisão não afeta o serviço
LAURA CAPRIGLIONE
DA REPORTAGEM LOCAL
A Prefeitura de São Paulo
anunciou ontem a dispensa de
438 agentes de controle de zoonoses. Hoje será o último dia de
trabalho da turma, já que os
contratos de trabalho deles expiram no dia 14 de fevereiro.
Na prática, a cidade de São
Paulo perderá de uma só vez
18% dos cerca de 2.400 homens
e mulheres que integram seu
exército de combate às larvas
do mosquito da dengue. E isso
exatamente no verão, época de
chuvas frequentes e temperaturas elevadas, em que é maior
o risco de proliferação do mosquito Aedes aegypti, o vetor de
transmissão da doença.
A prefeitura afirma em nota
oficial que as dispensas não afetarão o controle da dengue (leia
texto nesta página). Até ontem,
a cidade registrava seis casos de
dengue em 2010. No ano passado, foram 600.
Admitidos a título provisório
em 2001, os agentes de controle
de zoonoses de São Paulo viviam situação precária desde
então. Seus contratos tinham
de ser renovados de tempos em
tempos e eles dependiam da
aprovação de lei municipal para serem efetivados -essa possibilidade só existia para agentes de zoonoses como eles e para agentes de saúde, desde que
admitidos antes de 2006.
No final do ano passado, o secretário municipal de Saúde,
Januário Montone, disse que
realizaria todos os esforços
possíveis para manter no serviço os agentes de zoonoses que
trabalhavam pendurados em
contratos provisórios.
Segundo a vereadora Juliana
Cardoso (PT), que presidia a
Comissão de Saúde da Câmara,
o problema é que a formação de
um agente de controle de zoonoses (doenças transmitidas
por animais) é complexa:
"O poder público não pode se
dar ao luxo de dispensar funcionários com quase des anos
de experiência, gente que tem
de saber como se dirigir à população, muitas vezes vivendo em
áreas violentas, entrar nas casas, subir às caixas d'água, conversar, orientar, esclarecer.
Tem de fazer isso tudo, além de
levar consigo substâncias tóxicas (larvicidas e raticidas), de
ter de prepará-las e de aplicá-las em condições de segurança
para si e para a população. É
muita responsabilidade."
T.J.P., um dos agentes de
controle de zoonoses em ação
no Jardim Pantanal, na zona
leste da cidade, foi um dos dispensados. Ele ficou sabendo
ontem no final da manhã que
teria apenas mais um dia de
trabalho e avisou as lideranças
comunitárias.
"Dá para imaginar a situação? O pessoal daqui está alagado na água imunda, convivendo
com ratazanas, cobras, exposto
a doenças variadas, além da
dengue, e ele, que conhece todo
mundo aqui pelo nome, já não
estará aqui para fazer um trabalho essencial para a nossa vida", afirmou Maria Inês Gurgel
de Souza, moradora da Chácara
Três Meninas, uma das que integram a região do Pantanal.
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