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OPINIÃO
A saúde e a CPMF
BARJAS NEGRI
Ao ampliar em 30% o orçamento
do Ministério da Saúde, a CPMF
dá uma contribuição importante
para a melhoria do setor. No entanto, a população questiona se o
tributo está sendo bem aplicado.
Há pelo menos duas respostas.
Primeiro, é preciso reafirmar
que os gastos realizados em saúde
não apresentam resultados imediatos. O combate ao Aedes aegypti, transmissor da dengue, exige
pelo menos dois anos de ação em
quase todos os municípios; não se
constrói nem se coloca em funcionamento um novo hospital em
menos de três anos; a introdução
da vacina contra a hepatite B na
rotina dos postos de saúde não se
faz em menos de 18 meses; a implantação da nova lei de transplantes de órgãos requer pelo menos três anos de articulação e planejamento para ampliar de 2.000
para 3.000 o número de transplantes anuais. Portanto, há um lapso
de tempo entre gastos e efeitos.
Segundo: a imprensa divulga
com mais frequência e destaque os
aspectos negativos. Assim, a repercussão da crise localizada em
um dos 6.000 hospitais que prestam serviços ao SUS pode resultar
na interpretação de que ela é generalizada. Da população que considera o SUS insatisfatório, 70% não
usa o serviço. Os fatos negativos
devem ser notificados, mas é preciso situá-los corretamente, para
evitar a generalização do caos.
Voltando à CPMF, talvez poucos
saibam que o Ministério da Saúde
passou todo o ano de 1997 pagando em dia todos os hospitais que
prestam serviços ao SUS, resgatando a enorme dívida de 1996 e
incorporando um acréscimo de
25% nos preços dos procedimentos hospitalares e ambulatoriais
-permitindo, assim, a manutenção do atendimento à população.
Poucos sabem também que a
CPMF permitiu melhorar e ampliar importantes programas, como aquisição e distribuição de
medicamentos de farmácia básica
e DST/Aids, combate à dengue,
saneamento básico, infra-estrutura do SUS, combate às carências
nutricionais, vacinação e agentes
comunitários de saúde, entre outros. Houve um aumento de recursos da ordem de R$ 1 bilhão.
Mas o que ninguém sabe é que a
CPMF vem possibilitando a criação de 120 mil novos empregos no
país, considerando só quatro programas: infra-estrutura e reaparelhamento do SUS, combate à dengue, saneamento básico e saúde da
família/agentes comunitários.
Em 1998, graças à CPMF, estão
sendo consolidados importantes
programas: a) o número de agentes comunitários está passando de
55 mil para 100 mil, para beneficiar, ao final do ano, 57,5 milhões
de pessoas; b) o número de equipes de saúde da família está passando de 1.600 para 3.500, beneficiando 12 milhões; c) os medicamentos básicos estão chegando a
4.115 municípios com menos de 20
mil habitantes, beneficiando 35
milhões; d) a implantação do Piso
Assistencial Básico, envolvendo
R$ 1,772 bilhão, vai permitir ampliar o número de consultas, exames pré-natais e cobertura vacinal
na maioria dos municípios.
Como se vê, ao promover a melhoria das condições de assistência
à saúde e a geração de milhares de
novos postos de trabalho, a CPMF
extrapola seus objetivos iniciais e
cumpre sua finalidade social.
Barjas Negri, 47, é secretário-executivo do Ministério da Saúde e professor licenciado do Instituto de Economia da Unicamp
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