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EDUCAÇÃO
Corte médio de10% dos orçamentos das agências financiadoras federais provoca mudança de critérios
São Paulo perde até 16% das bolsas de pós
MARTA AVANCINI
da Reportagem Local
A mudança dos critérios de concessão de bolsas de estudo, motivadas pelos cortes dos orçamentos
das agências federais de financiamento, causaram uma redução de
até 16% no número de bolsas de
mestrado e doutorado concedidas
este ano às universidades estaduais de São Paulo.
Os cortes giram em torno de 10%
da verba destinada a bolsas em relação a 97 e fazem parte da política
mais geral de contenção de gastos
do governo.
A principal consequência da redução, dizem as universidades,
deve ser a estagnação dos programas de pós-graduação devido à
falta de bolsas para os alunos.
"O sistema não iria crescer eternamente, mas uma mudança
abrupta desorganiza o sistema,
que vinha crescendo bastante. Em
longo prazo, alguns programas
podem até desaparecer", diz o Sérgio Henrique Pereira, presidente
da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência).
O crescimento pode ser medido
pelo número de doutores formados: passou de 2.031, em 93, para
2.950, em 96 (45% a mais). Os dados são da Capes (Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior).
Entre as estaduais paulistas, a
USP foi a mais prejudicada: perdeu 914 bolsas de mestrado e doutorado (16%) na comparação com
97, quando recebeu 5.472 bolsas.
"Cerca de 70% dos programas
estão recebendo alunos novos,
mas não estão concedendo bolsas", diz o pró-reitor de Pós-Graduação da USP, Adolpho Melfi.
A Capes e o CNPq (Conselho
Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico) alegam
que, na verdade, o corte é menor
porque de 10% a 12% das bolsas
concedidas não são utilizadas (leia
texto ao lado).
A justificativa não satisfaz os responsáveis pelas áreas de pós-graduação. "Se um aluno defendeu
tese em meados do ano passado e
sua bolsa não foi repassada a outro, a universidade acabou perdendo essa cota", diz Mefi.
"Existe uma flutuação da demanda. Às vezes, uma cota que
não foi usada em um ano pode ser
necessária no ano seguinte, se
houver aumento da procura pelo
curso", diz o pró-reitor de
Pós-Graduação da Unicamp, Carlos Alfredo Joly.
Dos 700 alunos que ingressaram
nos programas de mestrado e
doutorado da Unicamp, 250 ainda
estão sem bolsa. "Isso deve gerar
aumento da evasão, além de prolongar o tempo de conclusão do
curso", diz Joly. A Unicamp recebeu, em 98, 2.099 bolsas, contra
2.462 no ano passado.
Na Unesp, o doutorado sofreu
mais, perdendo 14% das 234 bolsas concedidas em 97. A perda
conjunta da pós-graduação foi de
10% (91 bolsas).
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