São Paulo, quinta, 12 de março de 1998

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PT quer inquérito sobre verba de ensino

BETINA BERNARDES
da Sucursal de Brasília

Deputados federais da bancada do PT entraram ontem com uma representação no Ministério Público Federal do Distrito Federal pedindo a instauração de inquérito civil para investigar suposta ilegalidade no valor de R$ 315 por aluno estabelecido pelo governo para o ensino fundamental.
Segundo a representação, o governo descumpriu disposição expressa da lei que criou o fundão, Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do Magistério. Os deputados querem, dependendo do resultado do inquérito, ajuizar uma ação civil pública visando aumentar o valor mínimo por aluno.
Os deputados alegam que esse valor teria de ser R$ 437. "A lei que criou o fundão diz que o valor por aluno deve ser estabelecido dividindo-se a receita total do fundo pelo número de matriculados, ou seja R$ 13,3 bilhões por 30,5 milhões, o que dá R$ 437", afirma o deputado Ivan Valente (PT-SP).
O fundão é composto por 15% das receitas de Estados e municípios. De acordo com a representação, documento da Secretaria do Tesouro Nacional diz que essa receita será de R$ 13,3 bilhões.
O governo estabeleceu o valor de R$ 315 por aluno e vai complementar o fundão em nove Estados.
"Caso o valor fosse R$ 437 por aluno, o governo teria de complementar o mínimo em mais seis Estados, tendo de gastar R$ 2,2 bilhões, ao contrário dos quase R$ 300 milhões reservados para esse fim no orçamento", diz Valente.
A Folha procurou assessoria do MEC às 16h para tentar falar com o ministro Paulo Renato Souza sobre o assunto. Às 18h50, a assessoria informou que somente o FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) se manifestaria sobre a representação.
Até as 19h20, a assessoria do FNDE não havia indicado quem falaria sobre o assunto. Reitores de instituições federais se reuniram com o secretário de Educação Superior, Abilio Baeta Neves, para discutir a situação dos salários. Hoje, alunos de curso superior vão acampar em frente ao MEC em protesto contra corte em programa especial de treinamento. A Andes, sindicato de professores do ensino superior, apoiará o ato. Eles pedem reajuste de 48%. Há mobilização para greve.



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