São Paulo, quinta, 12 de março de 1998

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Presos depõem e denunciam sessões de torturas no Depatri

da Reportagem Local

Os presos do Depatri (Departamento de Investigações Sobre Crimes Contra o Patrimônio) denunciaram ontem que foram espancados e torturados várias vezes neste ano na cadeia desse órgão da Polícia Civil de São Paulo.
Após dois dias de adiamentos sucessivos dos depoimentos, os presos confirmaram também que a maior sessão de espancamento aconteceu em 15 de fevereiro passado, após uma fuga ocorrida um dia antes.
"Esse espancamento teria servido para amansar os presos", afirmou o delegado José Antônio Caires, da 1ª Delegacia de Crimes Funcionais da Corregedoria da Polícia Civil.
Esse caso foi denunciado pela Pastoral Carcerária da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). Os presos foram submetidos a exames de corpo de delito, e ficou provado que 107 dos detentos tinham marcas de espancamento nos corpos.
Segundo a descrição feita pelos presos, os policiais civis fizeram um corredor polonês para espancá-los-duas filas de policiais no meio das quais os detentos eram obrigados a passar. Os presos disseram que apanharam com barras de ferro, pedaços de pau, bastões e coronhas de revólveres e pistolas.
Alguns dos detentos acusaram pelo menos um delegado de participar dessa sessão de espancamento. Essa informação não foi confirmada por todos os presos.
Ontem, a corregedoria tomou os depoimentos de 12 detentos. Dois deles foram ouvidos no Presídio Especial da Polícia Civil, no Carandiru (zona norte). Outros dez depuseram no Departamento de Inquéritos Policiais do Tribunal de Justiça de São Paulo.
Os depoimentos foram acompanhados por um dos coordenadores da pastoral carcerária. Os outros presos serão ouvidos até o próximo dia 23. (MG)


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