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Presos depõem e denunciam
sessões de torturas no Depatri
da Reportagem Local
Os presos do Depatri (Departamento de Investigações Sobre Crimes Contra o Patrimônio) denunciaram ontem que foram espancados e torturados várias vezes neste
ano na cadeia desse órgão da Polícia Civil de São Paulo.
Após dois dias de adiamentos
sucessivos dos depoimentos, os
presos confirmaram também que
a maior sessão de espancamento
aconteceu em 15 de fevereiro passado, após uma fuga ocorrida um
dia antes.
"Esse espancamento teria servido para amansar os presos", afirmou o delegado José Antônio Caires, da 1ª Delegacia de Crimes
Funcionais da Corregedoria da
Polícia Civil.
Esse caso foi denunciado pela
Pastoral Carcerária da CNBB
(Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil). Os presos foram submetidos a exames de corpo de delito, e ficou provado que 107 dos
detentos tinham marcas de espancamento nos corpos.
Segundo a descrição feita pelos
presos, os policiais civis fizeram
um corredor polonês para espancá-los-duas filas de policiais no
meio das quais os detentos eram
obrigados a passar. Os presos disseram que apanharam com barras
de ferro, pedaços de pau, bastões e
coronhas de revólveres e pistolas.
Alguns dos detentos acusaram
pelo menos um delegado de participar dessa sessão de espancamento. Essa informação não foi confirmada por todos os presos.
Ontem, a corregedoria tomou os
depoimentos de 12 detentos. Dois
deles foram ouvidos no Presídio
Especial da Polícia Civil, no Carandiru (zona norte). Outros dez
depuseram no Departamento de
Inquéritos Policiais do Tribunal
de Justiça de São Paulo.
Os depoimentos foram acompanhados por um dos coordenadores da pastoral carcerária. Os outros presos serão ouvidos até o
próximo dia 23.
(MG)
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