São Paulo, quarta-feira, 12 de maio de 2010

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Arquitetos de Londres-2012 farão Nova Luz

Escritório que fez o plano de adaptação da capital inglesa para a Olimpíada integra consórcio escolhido para transformação da cracolândia

Grupo, que também inclui Cia. City, FGV e Concremat, deverá entregar até março do ano que vem o projeto para recriação da área

EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Vai até março de 2011 o prazo para ficar pronto o projeto de reurbanização da cracolândia, área bastante deteriorada do centro de São Paulo.
O grupo de empresas que vai fazer o projeto foi definido ontem. Uma delas é a norte-americana Aecom, responsável pelos planos de Londres para os Jogos Olímpicos de 2012 e de Manchester (Inglaterra) para a revitalização de seu centro.
A Cia. City, construtora de bairros como Pacaembu, Jardim América, Butantã, Alto da Lapa e Alto de Pinheiros, também faz parte do consórcio, que conta ainda com a construtora Concremat e com a FGV (Fundação Getulio Vargas).
A partir da contratação (que deve acontecer nos próximos dias), esse grupo de empresas terá dez meses para elaborar o projeto urbanístico para a região da cracolândia, rebatizada de Nova Luz pela prefeitura.
O consórcio receberá R$ 12,46 milhões pelo trabalho.
José Bicudo, presidente da Cia. City, disse que cerca de cem pessoas devem trabalhar no projeto. "É um prazo apertado, mas dá pra fazer, sim."
Para Bicudo, o maior desafio será elaborar um plano que resgate a importância histórica e arquitetônica da região sem esquecer as questões sociais da área, como os usuários de drogas e os inúmeros cortiços.
"Vamos buscar a multifuncionalidade da região, trazendo habitação de qualidade, segurança, comércio e serviços, tudo isso integrado à dinâmica da metrópole", afirmou.
Não há detalhes do que se pretende fazer na região, mas Bicudo dá uma dica.
Para ele, é possível integrar imóveis para as camadas mais populares e para a classe média, com até 70 m2. Porém, diz, não há espaço para imóveis de altíssimo padrão.

Experiência
A elaboração do projeto vai ser coordenada pela Aecom, dona de grande experiência em revitalização de áreas degradadas pelo mundo.
A Cia. City, apesar dos 16 mil km2 de bairros urbanizados só na cidade de São Paulo -32 mil km2 no Estado-, não tem experiência em reurbanização.
Entre os projetos da Aecom está a revitalização da Lower Lea Valley, área no entorno do rio Lea, em Londres, que sediará boa parte das instalações da Olimpíada de 2012.
A empresa planejou também a revitalização do centro de Manchester, destruído por um atentado do IRA (Exército Republicano Irlandês, na sigla em inglês) que deixou 200 feridos em 1996.
Outro projeto da Aecom é a revitalização da Mission Bay, em San Francisco (Estados Unidos), área de antigos depósitos e galpões.
Para o arquiteto José Armênio de Brito Cruz -do escritório Piratininga Arquitetos Associados, que fazia parte do consórcio que ficou em segundo lugar na licitação-, esses projetos internacionais não poderão servir de referência para a elaboração do projeto da cracolândia.
"A partir de um bom diagnóstico da área, vai ser possível fazer um bom plano. Não dá para usar um plano preconcebido. A realidade ali é muito diferente de qualquer outra", diz.
Bicudo concorda. "O primeiro passo é um mergulho no banco de dados da prefeitura para fazer um grande diagnóstico do problema", diz ele.


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