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Arquitetos de Londres-2012 farão Nova Luz
Escritório que fez o plano de adaptação da capital inglesa para a Olimpíada integra consórcio escolhido para transformação da cracolândia
Grupo, que também inclui Cia. City, FGV e Concremat, deverá entregar até março do ano que vem o projeto para recriação da área
EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Vai até março de 2011 o prazo
para ficar pronto o projeto de
reurbanização da cracolândia,
área bastante deteriorada do
centro de São Paulo.
O grupo de empresas que vai
fazer o projeto foi definido ontem. Uma delas é a norte-americana Aecom, responsável pelos planos de Londres para os
Jogos Olímpicos de 2012 e de
Manchester (Inglaterra) para a
revitalização de seu centro.
A Cia. City, construtora de
bairros como Pacaembu, Jardim América, Butantã, Alto da
Lapa e Alto de Pinheiros, também faz parte do consórcio, que
conta ainda com a construtora
Concremat e com a FGV (Fundação Getulio Vargas).
A partir da contratação (que
deve acontecer nos próximos
dias), esse grupo de empresas
terá dez meses para elaborar o
projeto urbanístico para a região da cracolândia, rebatizada
de Nova Luz pela prefeitura.
O consórcio receberá R$
12,46 milhões pelo trabalho.
José Bicudo, presidente da
Cia. City, disse que cerca de
cem pessoas devem trabalhar
no projeto. "É um prazo apertado, mas dá pra fazer, sim."
Para Bicudo, o maior desafio
será elaborar um plano que resgate a importância histórica e
arquitetônica da região sem esquecer as questões sociais da
área, como os usuários de drogas e os inúmeros cortiços.
"Vamos buscar a multifuncionalidade da região, trazendo
habitação de qualidade, segurança, comércio e serviços, tudo isso integrado à dinâmica da
metrópole", afirmou.
Não há detalhes do que se
pretende fazer na região, mas
Bicudo dá uma dica.
Para ele, é possível integrar
imóveis para as camadas mais
populares e para a classe média,
com até 70 m2. Porém, diz, não
há espaço para imóveis de altíssimo padrão.
Experiência
A elaboração do projeto vai
ser coordenada pela Aecom,
dona de grande experiência em
revitalização de áreas degradadas pelo mundo.
A Cia. City, apesar dos 16 mil
km2 de bairros urbanizados só
na cidade de São Paulo -32 mil
km2 no Estado-, não tem experiência em reurbanização.
Entre os projetos da Aecom
está a revitalização da Lower
Lea Valley, área no entorno do
rio Lea, em Londres, que sediará boa parte das instalações da
Olimpíada de 2012.
A empresa planejou também
a revitalização do centro de
Manchester, destruído por um
atentado do IRA (Exército Republicano Irlandês, na sigla em
inglês) que deixou 200 feridos
em 1996.
Outro projeto da Aecom é a
revitalização da Mission Bay,
em San Francisco (Estados
Unidos), área de antigos depósitos e galpões.
Para o arquiteto José Armênio de Brito Cruz -do escritório Piratininga Arquitetos Associados, que fazia parte do
consórcio que ficou em segundo lugar na licitação-, esses
projetos internacionais não
poderão servir de referência
para a elaboração do projeto da
cracolândia.
"A partir de um bom diagnóstico da área, vai ser possível
fazer um bom plano. Não dá
para usar um plano preconcebido. A realidade ali é muito diferente de qualquer outra", diz.
Bicudo concorda. "O primeiro passo é um mergulho no
banco de dados da prefeitura
para fazer um grande diagnóstico do problema", diz ele.
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