|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"Geração saúde" trouxe novos hábitos
DA REPORTAGEM LOCAL
O psiquiatra Arthur Guerra de
Andrade acredita que os universitários estão "mais amadurecidos,
mais responsáveis", o que explicaria uma estagnação no consumo de drogas. Entre os estudantes
que ontem circulavam pelo campus, a explicação era parecida:
"Minha turma é muito geração
saúde", diz Alice Nogueira, 18.
"Não sentimos a pressão da turma, como acontecia anos atrás",
diz Teresa Cristina Borges, 27.
As duas são da Escola de Artes
Cênicas da Escola de Comunicações e Artes, faculdade mais conhecida por liberalidades do que
por conservadorismos. "Vamos
ao bar para conversar depois das
peças que assistimos. Beber é apenas parte do ritual", afirma Camilo Schaden, 19. "Eu costumava ir
muito a festas e beber mais quando estava no colégio e no cursinho
do que agora", diz Alice Nogueira.
Alunos veteranos dizem que os
centros acadêmicos eram verdadeiros fumódromos de maconha
e que havia pelo menos duas festas por semana. Hoje, mesmo sem
a presença intensiva da polícia,
fuma-se mais nos bosques e as
festas não são tão frequentes.
Sandra Tadokoro, 28, que faz
pós em energia nuclear e que cursou graduação em química na
própria USP, diz que mesmo nas
festas e nos barzinhos o uso de
drogas é mais discreto. "A gente
sabe que as pessoas estão usando,
mas todos se cuidam mais".
Segundo Andrade, a venda de
bebida está proibida nas cantinas
do campus há cerca de três anos, o
que teria contribuído para uma
redução do consumo de álcool.
O resultado da pesquisa e mesmo a argumentação de alguns
alunos -a de que a geração saúde
chegou à universidade- intrigam os pesquisadores. Os campi
universitários sempre foram vistos como espécies de território livre e os estudantes sempre conservaram uma relação liberal
diante do uso de drogas.
Por conta disso, o trabalho de
prevenção tem fugido de pregações moralistas e mesmo cientificistas, que tentam assustar com os
danos provocados pelas drogas.
Os estudantes conhecem tudo isso melhor do que ninguém, lembram os pesquisadores. "O ideal
seria ensiná-los a tirar prazer das
coisas sem fazer o uso de drogas",
diz André Malbergier.
(AB)
Texto Anterior: Saúde: Na USP, consumo de drogas "estaciona" Próximo Texto: EUA comemoram resultado de pesquisa Índice
|