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São Paulo, quinta-feira, 12 de junho de 2003

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"Geração saúde" trouxe novos hábitos

DA REPORTAGEM LOCAL

O psiquiatra Arthur Guerra de Andrade acredita que os universitários estão "mais amadurecidos, mais responsáveis", o que explicaria uma estagnação no consumo de drogas. Entre os estudantes que ontem circulavam pelo campus, a explicação era parecida: "Minha turma é muito geração saúde", diz Alice Nogueira, 18. "Não sentimos a pressão da turma, como acontecia anos atrás", diz Teresa Cristina Borges, 27.
As duas são da Escola de Artes Cênicas da Escola de Comunicações e Artes, faculdade mais conhecida por liberalidades do que por conservadorismos. "Vamos ao bar para conversar depois das peças que assistimos. Beber é apenas parte do ritual", afirma Camilo Schaden, 19. "Eu costumava ir muito a festas e beber mais quando estava no colégio e no cursinho do que agora", diz Alice Nogueira.
Alunos veteranos dizem que os centros acadêmicos eram verdadeiros fumódromos de maconha e que havia pelo menos duas festas por semana. Hoje, mesmo sem a presença intensiva da polícia, fuma-se mais nos bosques e as festas não são tão frequentes.
Sandra Tadokoro, 28, que faz pós em energia nuclear e que cursou graduação em química na própria USP, diz que mesmo nas festas e nos barzinhos o uso de drogas é mais discreto. "A gente sabe que as pessoas estão usando, mas todos se cuidam mais".
Segundo Andrade, a venda de bebida está proibida nas cantinas do campus há cerca de três anos, o que teria contribuído para uma redução do consumo de álcool.
O resultado da pesquisa e mesmo a argumentação de alguns alunos -a de que a geração saúde chegou à universidade- intrigam os pesquisadores. Os campi universitários sempre foram vistos como espécies de território livre e os estudantes sempre conservaram uma relação liberal diante do uso de drogas.
Por conta disso, o trabalho de prevenção tem fugido de pregações moralistas e mesmo cientificistas, que tentam assustar com os danos provocados pelas drogas. Os estudantes conhecem tudo isso melhor do que ninguém, lembram os pesquisadores. "O ideal seria ensiná-los a tirar prazer das coisas sem fazer o uso de drogas", diz André Malbergier. (AB)


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