VIVIAN WHITEMAN
EDITORA-INTERINA DE MODA

A arquitetura nordestina retratada pela fotógrafa Anna Mariani inspirou a coleção da grife Maria Bonita. O desfile foi o ponto alto do terceiro dia da São Paulo Fashion Week, exceção em uma sucessão de apresentações sem vibração ou novidade.
A estilista da marca, Danielle Jensen, usou seu olhar apurado e treinado na arte da abstração para reler as fotos do livro "Fachadas e Platibandas", de Mariani.
As fotos que estão na obra foram exibidas pela primeira vez em 1987 no prédio da Bienal, o mesmo ocupado duas vezes por ano pela SPFW.
As platibandas, faixas horizontais, grades usadas para esconder telhados e a geometria das fachadas viraram golas, tops, decotes e detalhes decorativos.
Tons lavados, imitando as tintas feitas com cal branca e pigmentos, dominaram as peças, que ganharam um ar de desgastadas pelo tempo.
Entre os materiais, o destaque foi a madeira, que deu forma a bolsas, tops e colares que, no pescoço, sustentavam levíssimos vestidos.
A Maria Bonita acerta mais uma vez nas brincadeiras com a utilidade das roupas.
Desta vez, blusas, camisetas e paletós terminam em chapéus de abas largas -do tecido com efeito amassado que deu unidade à coleção.
Danielle pensa a roupa como uma casa próxima do corpo. Mistura a sensação de proteção da madeira com volumes e silhuetas que envolvem a pele, dando conforto.
Além disso, a estilista tem mostrado forma inteligente de trabalhar temas ligados à cultura popular brasileira, sem cair nos clichês da "tropicalidade" para gringo ver.

FOLHA.com
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