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Corregedoria vai inspecionar delegacias
Órgão fará audiências públicas para população denunciar corrupção e desvios; ação deve começar no interior
Objetivo do trabalho é tornar atividade da Corregedoria da Polícia Civil mais transparente para a sociedade
MARIO CESAR CARVALHO
DE SÃO PAULO
A Corregedoria da Polícia
Civil vai passar a fazer inspeções em delegacias e outras
unidades nas quais a população poderá denunciar corrupção e desvios.
A medida está prevista em
resolução da Secretaria de
Segurança publicada na última segunda-feira no "Diário
Oficial". O secretário Antonio
Ferreira Pinto diz que o combate à corrupção é uma de
sua prioridades.
"A ideia é tornar o trabalho
da corregedoria mais transparente. Vamos ter audiência pública para que as pessoas, o prefeito, as ONGs e as
instituições possam falar o
que acham do trabalho da
polícia", diz Maria Inês Trefiglio Valente, corregedora-geral da Polícia Civil.
Atualmente, os delegados
são responsáveis por fazer
correição nos seus subordinados. A prática, porém, tornou-se uma mera formalidade, quando não um jogo de
compadrio, segundo avaliação da secretaria.
Só a partir de 2002, a corregedoria passou a fazer correições extraordinárias. Na gestão atual, foi feita uma na delegacia do porto de Santos,
por conta do episódio em que
criminosos trocavam açúcar
por areia em navios que exportavam o produto.
Num inquérito que constatou que a carga de oito caminhões havia sido adulterada,
ninguém foi acusado de crimes, apesar de haver confissões de práticas irregulares.
Dois delegados foram afastados por conta da suspeita de
que recebiam propina para
não investigar.
INTERIOR
A resolução prevê a realização de 12 correições por
ano, a serem feitas pessoalmente pela corregedora-geral. No final do processo, ela
terá de emitir uma avaliação
sobre o trabalho daquela unidade: ótimo, bom, regular e
insuficiente.
O trabalho deve começar
pelo interior do Estado, onde
a corregedoria é mais ausente, segundo Maria Inês. Há
unidades da corregedoria em
nove regiões do interior, mas
o trabalho é precário, ainda
de acordo com ela.
No interior, há um temor
maior de denunciar práticas
corruptas porque o delegado
tem um poder maior, afirma.
Uma das maneiras de contornar esse temor será a realização de audiências públicas
longe das delegacias, para
que as pessoas não se intimidem, afirma a corregedora.
Denúncias anônimas também serão aceitas.
Maria Inês assumiu o cargo em abril do ano passado.
Descobriu que havia policiais da própria corregedoria
que recebiam propina para
informar quem estava sob investigação. De abril de 2009 a
maio deste ano, 138 policiais
foram presos e 2.748 inquéritos, destinados a apurar crime, abertos. Nos 12 meses anteriores, foram presos cem
policiais (27,5% a menos) e
instaurados 1.761 inquéritos
(29% abaixo).
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