São Paulo, domingo, 12 de agosto de 2007

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Colombiano afirma ter feito duas plásticas em São Paulo

O traficante Juan Carlos Ramírez Abadía nega ter ordenado a morte de 315 pessoas

Ele também negou controlar 16 empresas brasileiras, mas admitiu ter usado duas delas para receber pagamentos

DA REPORTAGEM LOCAL

O traficante colombiano Juan Carlos Ramírez Abadía revela na entrevista a seguir que fez duas operações plásticas no Estado de São Paulo.
Sem especificar locais, a Polícia Federal dizia que ele passou por três cirurgias no país. A cirurgiã Lorití Breuel admitiu que Abadía e sua mulher estiveram em sua clínica, nos Jardins (zona sul de São Paulo), um dia antes da prisão, realizada pela Polícia Federal na última terça-feira, na Grande São Paulo.
Ela, no entanto, argumenta que o sigilo médico a impede de revelar se operou o traficante -o colombiano e a mulher se apresentaram com nome falso, segundo a médica.
O Conselho Regional de Medicina vai apurar o caso por meio de sindicância. ( MARIO CESAR CARVALHO)  

FOLHA - As polícias da Colômbia e dos EUA dizem que o senhor ordenou a morte de 315 pessoas e teria traficado 1.000 toneladas de cocaína para os Estados Unidos. Esses fatos são verdadeiros ou são lenda?
JUAN CARLOS RAMÍREZ ABADÍA
- Lenda.

FOLHA - O senhor é acusado de ter matado 35 pessoas da família de Victor Patino Fómeque, um antigo aliado do Cartel do Vale do Norte que decidiu colaborar com o DEA. A mãe de Patino Fómeque diz que o sr. ligou a ele e disse que exterminaria a família. Faz algum sentido essa acusação?
ABADÍA
- Absurda.

FOLHA - A polícia colombiana diz que encontrou US$ 54 milhões que o senhor teria enterrado em Calí. Esse dinheiro é do senhor mesmo?
ABADÍA
- Não.

FOLHA - A Polícia Federal diz que o senhor chegou ao Brasil em 2004. Como conseguiu passar tanto tempo sem ser reconhecido? O senhor teve de corromper policiais?
ABADÍA
- Não. Circulava muito pouco.

FOLHA - É verdade que o senhor fez três plásticas no Brasil em três anos? Em que Estados o senhor teria feito essas operações?
ABADÍA
- 2/SP.

FOLHA - A polícia colombiana diz que o senhor é um empresário muito hábil, que conseguiu aumentar ainda mais o patrimônio de US$ 1,8 bilhão que teria juntado com o narcotráfico. A que tipo de negócios o senhor se dedicava antes de ser preso no Brasil?
ABADÍA
- Narcotráfico.

FOLHA - A PF brasileira diz que o senhor usou pelo menos 16 empresas brasileiras para lavar dinheiro no Brasil. O senhor controlava mesmo essas empresas?
ABADÍA
- Não. Utilizei duas empresas para receber pagamentos [as empresas que ele citou à PF são a Compujet e a Barcelos & Mostardeiros].

FOLHA - O sr. quer fazer um acordo de delação premiada com a Justiça brasileira? Que tipo de informações o senhor teria para revelar que servissem como um atenuante à sua eventual pena no Brasil ?
ABADÍA
- Não.

FOLHA - Por que o senhor não quer cumprir pena no Brasil? Tem algum tipo de medo?
ABADÍA
- Não.

FOLHA - Como o senhor acha que a PF conseguiu prendê-lo? Acredita que os policiais brasileiros conseguiriam fazer isso sem a ajuda do DEA?
ABADÍA
- Não. Tiveram ajuda do DEA através de uma longa investigação.


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