São Paulo, domingo, 12 de setembro de 2004

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SEM FÔLEGO

Antioxidantes, como as vitaminas C e E, são aplicados em pesquisas como paliativos a substâncias tóxicas do ar

Medicina quer reduzir efeitos da poluição

André Porto/Folha Imagem
Dirigível no centro de São Paulo em um final de tarde de céu poluído, situação que aumentou em relação aos últimos cinco anos


DA REPORTAGEM LOCAL

Já está mais do que provado que a poluição do ar pode causar danos à saúde -do aumento de problemas respiratórios ao nascimento de bebês de baixo peso. Enquanto discute-se a melhor forma de combater os poluentes, a medicina persegue medidas práticas para aliviar seus efeitos.
O uso de antioxidantes, como as vitaminas C e E, em pessoas que vivem em áreas poluídas já está em estudo. Aplicam-se porque poluentes levam a reações inflamatórias que desencadeiam processo de oxidação no organismo.
"Como médicos, temos de lutar pela diminuição da poluição. Mas também buscar um paliativo até que se faça um controle maior", afirma Chin An Lin, pesquisador do Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da Faculdade de Medicina da USP.
As pesquisas com antioxidantes ocorrem no México, explica Lin, e os resultados podem não ter resultados iguais na capital, onde a dispersão dos poluentes difere.
Os estudos mais recentes relatam que a poluição pode ter relação com a queda da fertilidade e, indiretamente, com o aumento da violência urbana -provocaria irritabilidade nas pessoas.
Já está bem estabelecida, no entanto, em linhas experimentais, sua relação com o aumento da incidência de câncer. E há estudos bem fundamentados sobre arritmia cardíaca, relata Lin.
A Universidade de São Paulo está entre as 20 principais universidade do mundo produtoras de estudos sobre poluição. O laboratório do pesquisador foi o primeiro no país a demonstrar, no início da década de 80, os efeitos nocivos dos poluentes do ar sobre animais -diminuição da expectativa de vida, inflamação das vias aéreas, alteração de vasos. Ainda em laboratório, mostrou maior facilidade para o desenvolvimento de câncer em ambientes poluídos.
Com a organização do banco de dados de mortalidade do município, o laboratório começou, no início dos anos 90, a verificar os efeitos sobre os óbitos e internações. Estima que dez pessoas por dia, em média, morrem em decorrência da poluição.
Atualmente, o laboratório investe na produção de instrumentos de baixo custo para a medição de poluição, como plantas. Servirão para educação ambiental e auxiliarão comunidades a tomar medidas locais -por exemplo, agir sobre área em que se queima pneus, diz Paulo Saldiva, também pesquisador do laboratório.
Foram desenvolvidos pés de tabaco com deficiência de antioxidantes -ao entrar em contato com poluentes que causam oxidação, como o ozônio, adquirem manchas brancas.(FABIANE LEITE)

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